2 – Redes Sociais E A Violência Infantojuvenil
Redes Sociais E A Violência Infantojuvenil - O aumento da violência infantojuvenil na era digital. As estatísticas são alarmantes, o impacto do cyberbullying e as evidências da neurociência, psicologia e psiquiatria sobre como as redes sociais alteram o cérebro adolescente e a saúde mental

Redes sociais e a violência infantojuvenil – Em outubro de 2024, as Nações Unidas divulgaram uma pesquisa que causou severa preocupação sobre a exposição de crianças e adolescentes nas redes: nos últimos 12 meses, cerca de 300 milhões de crianças foram vítimas de exploração sexual e abuso online [2].
Este número, sobre as redes sociais e a violência infantojuvenil, por si só devastador, é apenas a ponta de um iceberg digital sob o qual se esconde uma crise de saúde pública de proporções inéditas. Vivemos em uma era onde o pátio da escola foi substituído por um feed infinito e as interações face a face deram lugar a uma torrente de curtidas, comentários e compartilhamentos.
Para a geração que nasceu digital, as redes sociais não são apenas uma ferramenta; elas são o principal ecossistema social, um espaço onipresente que molda identidades, relacionamentos e, de forma mais crucial e invisível, a própria arquitetura de seus cérebros em desenvolvimento.
É entendido que as plataformas digitais, com seu design otimizado para o engajamento a qualquer custo, funcionam como um catalisador para a violência infantojuvenil. Elas não apenas criaram novas formas de agressão, mas também exploram e amplificam as vulnerabilidades neurológicas, psicológicas e psiquiátricas inerentes à adolescência.
A questão não é mais se as redes sociais têm um lado sombrio, mas sim entender a magnitude de seu impacto e como ele está reconfigurando o desenvolvimento de uma geração inteira com a relação entre redes sociais e a violência infantojuvenil.
Redes Sociais E A Violência Infantojuvenil: Estatísticas que Acendem o Alerta Vermelho
É imperativo compreender a dimensão do fenômeno. Os dados recentes, coletados por organizações de monitoramento em todo o mundo, pintam um quadro inequívoco: a violência contra crianças e adolescentes no ambiente digital não é um incidente isolado, mas uma epidemia crescente. A natureza da agressão mudou; ela se tornou mais persistente, mais ampla em seu alcance e, em muitos casos, mais cruel.
Dados Nacionais e Globais Revelam uma Crise de Segurança Online
No Brasil, a organização SaferNet, uma das principais referências no combate a crimes cibernéticos, registrou um aumento dramático nas denúncias sobre as redes sociais e a violência infantojuvenil. Em um relatório de agosto de 2025, a entidade revelou que, apenas nos primeiros sete meses daquele ano, sua central recebeu 49.336 denúncias anônimas de abuso e exploração sexual infantil na internet.
Este número representa um aumento de 18,9% em comparação com o mesmo período de 2024 e, de forma ainda mais chocante, corresponde a 64% de todas as notificações de crimes na rede recebidas pela organização [1]. Isso significa que a grande maioria dos crimes reportados na internet brasileira está, de alguma forma, ligada à violência contra o público infantojuvenil.
O cenário global, apresentado pela ONU, não é menos sombrio. Além dos 300 milhões de crianças afetadas pela exploração sexual online, o relatório de 2024 aponta que 15% das crianças em todo o mundo admitem ter sido vítimas de cyberbullying [2]. Essa forma de agressão, muitas vezes subestimada, tem consequências devastadoras para a saúde mental, como veremos mais adiante.
Uma pesquisa conduzida no Reino Unido pelo Youth Endowment Fund (YEF), uma organização dedicada a prevenir o envolvimento de jovens com a violência, trouxe à tona outro aspecto alarmante do problema: a exposição passiva.
Em um estudo com 10 mil adolescentes, a organização descobriu que 70% deles foram expostos a conteúdo de violência real online no último ano [4].
Isso inclui desde brigas filmadas até o uso de armas. O mais preocupante é como esse conteúdo chega até eles: apenas 6% buscaram ativamente por ele. Para a grande maioria, a violência simplesmente apareceu em seus feeds, com 25% dos jovens afirmando que o conteúdo foi ativamente promovido pelos algoritmos das próprias plataformas.
Para facilitar a compreensão da magnitude do problema, a tabela abaixo sintetiza os dados mais impactantes:
Organização/Fonte | Dado Principal | Detalhe Relevante | Ano/Período | Fonte |
---|---|---|---|---|
SaferNet Brasil | 49.336 denúncias de abuso sexual infantil | Aumento de 18,9% em um ano | Jan-Jul 2025 | [1] |
Nações Unidas (ONU) | 300 milhões de crianças afetadas globalmente | Exploração sexual e abuso online | 2024 | [2] |
Youth Endowment Fund (YEF) | 70% dos adolescentes expostos a violência real | 25% do conteúdo foi “empurrado” por algoritmos | 2024 | [4] |
UFMG / PeNSE | 13,2% dos estudantes brasileiros são vítimas de cyberbullying | Prevalência maior em meninas e alunos de escolas públicas | 2024 | [3] |
Esses números demonstram que a violência digital é plural. Ela não se resume ao ataque direto (cyberbullying), mas inclui a exploração sexual e a exposição constante a uma cultura de agressividade. A principal mudança qualitativa em relação à violência pré-digital é a sua persistência.
Uma humilhação que antes se dissipava ao final do dia escolar, hoje vive para sempre em servidores, podendo ressurgir a qualquer momento. A viralização transforma um conflito local em um espetáculo global, multiplicando o trauma da vítima a cada compartilhamento. A era digital, portanto, não apenas criou novas armas, mas também construiu uma arena onde as feridas raramente cicatrizam.
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O Cérebro Adolescente na Mira dos Algoritmos
Para entender por que as redes sociais e a violência infantojuvenil têm um impacto tão profundo e muitas vezes devastador sobre os jovens, é preciso ir além do comportamento observável e entender o amadurecimento do cérebro adolescente.
Este é um período de intensa transformação, uma verdadeira “obra em construção” neurológica. É precisamente nesta fase de vulnerabilidade e potencial que a interação com as plataformas digitais intervém, com consequências que a neurociência começa a desvendar.
A Janela de Vulnerabilidade: Plasticidade Neural na Adolescência
A adolescência é caracterizada por um descompasso fundamental no desenvolvimento cerebral. De um lado, temos o sistema límbico, o centro emocional do cérebro, que inclui estruturas como a amígdala e o núcleo accumbens.
Durante a adolescência, este sistema está em plena efervescência, impulsionado por mudanças hormonais. Ele é responsável por emoções intensas, pela busca de novidades, pela tomada de riscos e, crucialmente, pela sensibilidade à recompensa social – a aprovação e o reconhecimento dos pares.
Do outro lado, temos o córtex pré-frontal (CPF), a sede do raciocínio, do planejamento, do controle de impulsos e da tomada de decisões ponderadas. Esta é a última área do cérebro a amadurecer, um processo que se estende até meados dos 20 anos.
O resultado é um cérebro com um “acelerador” (sistema límbico) totalmente pressionado e um “freio” (córtex pré-frontal) ainda em desenvolvimento. É essa assincronia que explica muito do comportamento adolescente, desde a impulsividade até a intensa necessidade de pertencimento social.
Este período é também marcado por uma extraordinária neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se reorganizar e formar novas conexões neurais em resposta a experiências. Isso significa que as experiências vividas durante a adolescência – boas ou más – têm um poder desproporcional para moldar a estrutura e a função do cérebro a longo prazo.
É nesta janela de vulnerabilidade e oportunidade que as Redes sociais e a violência infantojuvenil inserem seu fluxo incessante de estímulos
Redes sociais e a violência infantojuvenil: Dopamina Sob Demanda
O design das redes sociais foi meticulosamente criado para explorar o sistema de recompensa do cérebro adolescente. Cada curtida, cada notificação, cada comentário positivo ativa o estriado ventral, uma área chave do circuito de recompensa, liberando um pequeno pulso de dopamina, o neurotransmissor associado ao prazer e à motivação. O problema reside na natureza desse reforço: ele é intermitente e imprevisível.
O usuário nunca sabe quando a próxima recompensa virá, o que o leva a verificar a plataforma compulsivamente. Este é o mesmo princípio que torna as máquinas caça-níqueis tão viciantes.
Um estudo pioneiro e longitudinal da Universidade da Carolina do Norte (UNC), publicado na prestigiosa revista JAMA Pediatrics, forneceu a primeira evidência neurológica robusta desse processo. Ao longo de três anos, os pesquisadores acompanharam 169 adolescentes usando ressonância magnética funcional (fMRI).
Eles descobriram que os jovens que verificavam suas redes sociais habitualmente (mais de 15 vezes por dia) desenvolviam uma trajetória neural distinta. Seus cérebros tornavam-se hipersensíveis à antecipação de recompensas e punições sociais [6].
Essa hipersensibilidade não é apenas um estado mental; é uma mudança física e funcional. O estudo da UNC mostrou alterações na atividade de regiões como a amígdala (processamento emocional), a ínsula (consciência social) e o próprio estriado ventral.
A consequência, como aponta a autora principal, Eva Telzer, é que “as crianças que crescem verificando as mídias sociais com mais frequência estão se tornando hipersensíveis ao feedback de seus colegas” [6].
A comparação com o vício em substâncias não é meramente uma metáfora. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia do Sul foi além, identificando alterações anatômicas no cérebro de usuários com alta dependência de redes sociais.
O estudo encontrou mudanças nos volumes de massa cinzenta em regiões cerebrais associadas ao vício, concluindo que o uso abusivo de redes sociais causa alterações morfológicas similares às observadas em dependentes químicos e jogadores patológicos [7]. O cérebro, literalmente, começa a se remodelar em torno do vício digital.
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Hipersensibilidade ao Feedback Social: O Cérebro em Estado de Alerta Permanente
O estudo da UNC revelou um dos aspectos mais preocupantes: a criação de trajetórias de desenvolvimento cerebral divergentes. Enquanto os adolescentes com baixo uso de redes sociais mostravam uma diminuição natural na sensibilidade a estímulos sociais com o tempo (um sinal de maturação), os usuários habituais exibiam o padrão oposto: um aumento longitudinal na reatividade neural. Seus cérebros não estavam amadurecendo da mesma forma; estavam se tornando mais reativos, mais ansiosos por validação.
Essa busca incessante por aprovação coloca o cérebro em um estado de alerta permanente. A amígdala, nosso detector de ameaças, fica hiperativa, interpretando a ausência de curtidas ou um comentário negativo como um perigo social real.
A ínsula, que nos ajuda a sentir empatia e a entender o contexto social, fica sobrecarregada. O resultado psicológico é uma montanha-russa emocional, com a autoestima atrelada a métricas de vaidade voláteis e a um medo constante de ser excluído ou julgado. Essa hipersensibilidade neurológica é o terreno fértil para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade social, depressão e uma fragilidade emocional crônica.
O Impacto Psicológico e Psiquiátrico do Cyberbullying
Se a arquitetura viciante das redes sociais prepara o terreno neurológico, o cyberbullying é a arma que inflige as feridas mais profundas. A violência, quando migra para o ambiente digital, adquire características que a tornam particularmente insidiosa e danosa para a psique em formação do adolescente.
O cyberbullying é mais do que apenas uma ofensa online. Suas características o distinguem fundamentalmente do bullying tradicional:
- Persistência (24/7): A agressão não termina com o sinal da escola. Ela invade o santuário do lar, seguindo a vítima através de seu smartphone, a qualquer hora do dia ou da noite.
- Anonimato: O agressor pode se esconder atrás de perfis falsos, o que diminui sua empatia e aumenta a crueldade dos ataques. Para a vítima, o inimigo é invisível e onipresente.
- Viralização: Uma imagem humilhante, um boato ou um vídeo podem ser disseminados para centenas ou milhares de pessoas em minutos, ampliando exponencialmente a vergonha e o isolamento.
- Permanência: O conteúdo ofensivo pode permanecer online indefinidamente, tornando-se uma cicatriz digital que pode ser redescoberta anos depois, reativando o trauma.
No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), analisada por pesquisadores da UFMG, revelou que 13,2% dos estudantes entre 13 e 17 anos já foram vítimas de cyberbullying. O estudo também identificou os grupos mais vulneráveis, incluindo meninas (16,2%) e filhos de mães com baixa escolaridade (16,2%) [3].
As consequências psiquiátricas dessa forma de violência são graves e bem documentadas. A vitimização por cyberbullying está fortemente associada a um risco aumentado de depressão maior, transtornos de ansiedade, ideação suicida e automutilação.
A sensação de impotência, humilhação e isolamento pode ser tão intensa que, para alguns, a dor psíquica se torna insuportável. Em casos extremos, o cyberbullying pode levar ao que os especialistas chamam de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) Complexo, resultante da exposição prolongada e repetida ao trauma.
A Neurobiologia do Trauma e do Estresse Crônico
O impacto do cyberbullying não é apenas “psicológico”; ele tem correlatos biológicos mensuráveis. O estresse crônico e intenso gerado pela perseguição online desregula o eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA), o principal sistema de resposta ao estresse do corpo. Isso leva a níveis cronicamente elevados de cortisol, o “hormônio do estresse”.
Níveis persistentemente altos de cortisol são tóxicos para o cérebro, especialmente para duas áreas cruciais para a saúde mental:
- Hipocampo: Essencial para a formação de memórias e para a regulação do humor e do estresse. O estresse crônico pode, literalmente, encolher o hipocampo, prejudicando a memória e a capacidade de aprender, e contribuindo para os sintomas da depressão.
- Amígdala: O centro do medo. Sob estresse crônico, a amígdala torna-se hiper-reativa, fazendo com que o indivíduo perceba ameaças em toda parte, um sintoma central dos transtornos de ansiedade e do TEPT.
O trauma do cyberbullying, portanto, deixa marcas físicas no cérebro, alterando circuitos neurais e predispondo a vítima a uma vida inteira de dificuldades de saúde mental se não houver intervenção adequada.
O Perfil Psicológico do Agressor
Compreender o agressor é igualmente importante. O comportamento de cyberbullying raramente surge do nada. Frequentemente, está associado a fatores como baixa empatia, dificuldades no controle de impulsos, uma necessidade de dominar os outros para compensar sentimentos de inadequação, e, em muitos casos, o próprio agressor já foi vítima de alguma forma de violência.
O ambiente online, com o chamado “efeito da desinibição online”, remove as barreiras sociais que normalmente conteriam comportamentos agressivos. A ausência de contato visual e de feedback não-verbal imediato torna mais fácil desumanizar o alvo e infligir dor sem sentir o peso das consequências.
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Redes sociais e a violência infantojuvenil: A Exposição Passiva a Conteúdos Violentos
Além da agressão direta, um perigo talvez mais sutil, mas igualmente pernicioso, é a exposição constante e passiva a conteúdos violentos. Como revelado pelo estudo do YEF, 70% dos adolescentes estão vendo violência real em seus feeds [4].
Não se trata de filmes ou jogos, mas de brigas reais, agressões, uso de armas e ameaças. E, crucialmente, um quarto desse conteúdo é ativamente recomendado pelos algoritmos das plataformas, que identificam o material como “envolvente” e o distribuem massivamente.
Dessensibilização e o Cérebro Empático: Quando a Violência se Torna Diversão
A exposição repetida a imagens e narrativas violentas pode levar a um fenômeno neuropsicológico conhecido como dessensibilização. O cérebro, em uma tentativa de se proteger da sobrecarga emocional, começa a diminuir sua resposta a esses estímulos.
Estudos de neuroimagem mostram que, com a exposição repetida à violência, há uma redução na atividade da ínsula anterior e do córtex cingulado anterior, áreas cerebrais fundamentais para a empatia e para a percepção da dor alheia.
O resultado é uma erosão gradual da capacidade empática. A violência começa a ser percebida como algo normal, corriqueiro, parte da paisagem digital. Isso não apenas diminui a probabilidade de um jovem intervir para ajudar uma vítima, mas também reduz sua percepção do risco e da gravidade da violência na vida real.
O Contágio Comportamental e a Teoria do Aprendizado Social
A dessensibilização é acompanhada por outro fenômeno: o contágio comportamental. A Teoria do Aprendizado Social, proposta por Albert Bandura, postula que aprendemos comportamentos observando os outros.
No contexto das redes sociais, onde a violência é frequentemente apresentada de forma espetacular e até mesmo glorificada, os jovens podem começar a ver a agressão como uma forma legítima ou até mesmo desejável de resolver conflitos ou ganhar status.
O dado do YEF de que 64% dos jovens que cometeram atos violentos admitem que as redes sociais desempenharam um papel é uma confirmação contundente dessa teoria [4]. Conflitos que começam com uma troca de insultos online podem rapidamente escalar para a violência física, alimentados por uma audiência digital que incita e amplifica a agressão. A linha entre o online e o offline se torna perigosamente tênue.
O Dever das Plataformas: Design Ético e Regulamentação
A responsabilidade primária recai sobre as empresas de tecnologia que projetam, operam e lucram com essas plataformas. É insustentável o argumento de que são meros intermediários neutros.
O design de seus algoritmos, que prioriza o engajamento em detrimento da segurança, é uma escolha ativa. As soluções passam por:
- Design Ético: Repensar os algoritmos para que não promovam conteúdo sensacionalista e violento. Isso pode significar sacrificar parte do engajamento em nome do bem-estar do usuário.
- Moderação de Conteúdo Eficaz: Investir massivamente em moderação humana e de IA, com transparência sobre suas políticas e eficácia.
- Ferramentas de Controle Parental Robustas: Oferecer aos pais ferramentas fáceis de usar e eficazes para gerenciar o tempo de tela e o tipo de conteúdo que seus filhos acessam.
Estratégias de Prevenção e Intervenção Psicoeducacional
Enquanto a regulamentação avança, é fundamental equipar os jovens com as ferramentas psicológicas para navegar neste ambiente hostil. A prevenção e a intervenção baseadas em evidências são a chave para construir resiliência.
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Considerada o padrão-ouro para muitos transtornos de ansiedade e depressão, a TCC ajuda os jovens a identificar e desafiar os pensamentos negativos e disfuncionais que surgem da vitimização online. Ela ensina estratégias práticas para gerenciar emoções e reestruturar a percepção de si mesmo.
- Treinamento de Habilidades Sociais: Programas que ensinam comunicação assertiva, resolução de conflitos e, acima de tudo, empatia, podem reduzir comportamentos agressivos e melhorar a qualidade das interações, tanto online quanto offline.
- Alfabetização Digital e Midiática: Esta é talvez a intervenção mais importante e escalável. É preciso ensinar crianças, pais e educadores a serem consumidores críticos de informação. Isso inclui aprender a identificar notícias falsas, a reconhecer manipulação algorítmica, a entender as configurações de privacidade e, crucialmente, a saber como e quando denunciar conteúdo abusivo e procurar ajuda.
Navegando na Era Digital com Consciência e Cuidado
A evidência é clara e convergente: estamos testemunhando a colisão entre a fase mais vulnerável do desenvolvimento cerebral humano e a tecnologia mais poderosa de engenharia social já criada.
A arquitetura viciante das redes sociais, combinada com sua capacidade de amplificar a agressão e normalizar a violência, criou uma tempestade perfeita que está deixando um rastro de consequências neurológicas e psiquiátricas graves e duradouras na geração digital.
O aumento da violência infantojuvenil na era das redes sociais não é um acidente, mas uma consequência previsível de um sistema que coloca o lucro acima da proteção. Entender este fenômeno não como uma falha moral dos jovens, mas como um problema de saúde pública, é o primeiro passo.
A batalha pela mente e pelo bem-estar da próxima geração está sendo travada nos servidores e telas que dominam nosso tempo. Vencê-la exigirá uma ação coletiva e corajosa, um chamado à responsabilidade que deve ser atendido por pais, educadores, profissionais de saúde, legisladores e, acima de tudo, pela própria indústria de tecnologia. O futuro de milhões de mentes jovens depende disso.
Referências
[1] Agência Brasil. (2025, 20 de agosto). Mais de 60% das denúncias de crimes na internet são de abuso infantil. https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2025-08/mais-de-60-das-denuncias-de-crimes-na-internet-sao-de-abuso-infantil
[2] ONU News. (2024, 10 de outubro). 300 milhões de crianças sofreram exploração sexual e abuso infantil online. https://news.un.org/pt/story/2024/10/1839006
[3] Universidade Federal de Minas Gerais. (2024, 10 de setembro). Estudo revela elevada prevalência de ‘cyberbullying’ entre adolescentes brasileiros. https://ufmg.br/comunicacao/noticias/estudo-revela-elevada-prevalencia-de-cyberbulling-entre-adolescentes-brasileiros
[4] Youth Endowment Fund. (2024). 70% of teens see real-life violence on social media, reveals new research. https://youthendowmentfund.org.uk/news/70-of-teens-see-real-life-violence-on-social-media-reveals-new-research/
[5] Patton, D. U., et al. (2014). Social media as a vector for youth violence: A review of the literature. Computers in Human Behavior. https://www.asc.upenn.edu/sites/default/files/2022-10/Social%20Media%20Paper.pdf
[6] news.med.br. (2023, 30 de maio). Conferir as redes sociais constantemente pode afetar o desenvolvimento do cérebro em adolescentes. https://www.news.med.br/p/medical-journal/1438190/conferir-as-redes-sociais-constantemente-pode-afetar-o-desenvolvimento-do-cerebro-em-adolescentes.htm
[7] National Geographic Brasil. (2023, 2 de março). Como o uso das redes sociais pode afetar o cérebro. https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2023/02/como-o-uso-das-redes-sociais-pode-afetar-o-cerebro


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