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8- Audiência de Custódia e Saidinhas: Quando a Justiça Vira as Costas para as Vítimas

Pai de Vitória Gabrielly critica saidinhas e impunidade no Brasil em entrevista ao canal Entre Ideias e Ideologias. "Justiça abandona quem mais precisa."

Audiência de Custódia e Saidinhas – Em entrevista ao canal Entre Ideias e Ideologias, Beto Vaz faz duro desabafo contra as saídas temporárias, audiências de custódia e a impunidade no Brasil: “Vitória não teve chance nenhuma, mas o assassino teve benefício”

Na noite desta segunda-feira (14), o canal Entre Ideias e Ideologias recebeu Beto Vaz, pai da jovem Vitória Gabrielly, brutalmente assassinada aos 12 anos em 2018, para uma entrevista marcada por emoção e revolta. Durante a conversa conduzida por Camila Abdo, Beto criticou duramente o sistema penal brasileiro, especialmente a concessão de benefícios como as saídas temporárias, popularmente conhecidas como “saidinhas”, e as audiências de custódia.

“É uma vergonha, um disparate. Um país sério jamais aceitaria esse tipo de coisa”, afirmou. Segundo ele, o que se observa com frequência são criminosos que saem da prisão temporariamente e voltam a cometer crimes — inclusive contra as mesmas vítimas que os denunciaram, como no caso de feminicídios consumados após tentativas anteriores.

“Enquanto a justiça protege o agressor, a vítima é esquecida” – Audiência de Custódia e Saídinhas

Beto questionou por que, diante de tantas tragédias, o Estado continua falhando em proteger os inocentes. “Vitória não teve chance nenhuma. Quantas outras pessoas conseguem levar seu agressor à Justiça, ele é preso, e depois volta a cometer novos crimes? Estamos cansados de ver isso nas redes sociais, nas reportagens”, desabafou.

Ele também apontou a omissão dos poderes públicos, criticando a falta de ação concreta por parte de deputados, senadores e demais autoridades. “Quem deveria responder ou brigar por nós, não faz. E o mais assustador é ver os números de feminicídio, pedofilia, estupros aumentando sem qualquer resposta efetiva.”

“Estamos criando leis com nomes de crianças, mas nenhuma funciona”

O pai de Vitória criticou ainda o que chamou de “legislação simbólica”. Para ele, leis como a Lei Henri Borel ou outras batizadas com nomes de vítimas acabam se tornando apenas homenagens sem efeito prático.

“Daqui a pouco não vai ter mais nome de criança para usar em lei. A gente só vê tragédia. A efetividade não aparece. A gente fala tanto em mudar o Código Penal, mas se não mudar a execução da pena, não vai adiantar nada.”

Caso recente expõe contradições das Audiência de Custódia e Saídinhas

Durante a entrevista, Beto relatou um caso emblemático de sua cidade: um adolescente de 16 anos cometeu um assassinato bárbaro, dando mais de 60 facadas em outro jovem. Dois anos depois, o menor — com ficha criminal extensa — foi liberado e está com o “nome limpo”. “Eu, por uma multa de trânsito, tenho o nome mais sujo que ele. Isso é revoltante.”

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“Ou muda de verdade ou vamos continuar enterrando nossos filhos”

Em tom firme, o entrevistado defendeu uma reviravolta completa no sistema penal brasileiro. Para ele, mudanças superficiais não resolvem o problema. “A pessoa cometeu um crime, tem que cumprir a pena por inteiro. Sem saidinha, sem benefício. O familiar da vítima sofre duas vezes: quando perde quem ama e quando vê o criminoso tripudiando, livre, diante da Justiça que falhou.”

Beto encerrou a participação com um apelo por reformas estruturais e uma cobrança direta à sociedade e aos governantes: “Ou mudamos de verdade, ou continuaremos chorando e enterrando nossos filhos. E a Justiça continuará abandonando quem mais precisa dela.”

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