Criminal

9- Assinatura Criminal – Modus Operandi

Assinatura Criminal - Entre os conceitos mais utilizados por peritos e investigadores estão três termos cunhados pelo FBI: modus operandi, assinatura e ritual.

Assinatura Criminal – O estudo da mente criminosa é um dos campos mais fascinantes — e desafiadores — da psicologia criminal e investigativa. Desde os primeiros esforços sistematizados do FBI, a partir da década de 1970, para compreender serial killers e assassinos violentos, conceitos como modus operandi, assinatura e ritual se tornaram centrais para investigações complexas.

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Entre eles, a assinatura criminal ocupa um lugar de destaque. Diferente do modus operandi — que trata da execução prática do crime — e do ritual — que envolve práticas simbólicas que podem variar, a assinatura é a marca psicológica permanente deixada pelo agressor. Ela é o elo invisível que conecta crimes distintos, revelando não apenas como o criminoso age, mas quem ele é em sua essência.

No Brasil, a relevância desse estudo cresce à medida que tragédias se multiplicam. Casos como o massacre de Realengo (2011), o ataque em Suzano (2019) e os episódios mais recentes em escolas e creches demonstram que compreender padrões psicológicos e comportamentais é crucial para prevenir e investigar crimes.


O que é Assinatura Criminal

O conceito de assinatura criminal nasceu dentro da experiência prática do FBI, especialmente durante a criação da Unidade de Ciências Comportamentais (Behavioral Science Unit) na década de 1970. Foi nesse período que nomes como John Douglas e Robert Ressler se tornaram referências mundiais na análise de perfis criminais.

O contexto era alarmante: os Estados Unidos viviam um aumento expressivo de crimes em série. Serial killers como Ted Bundy, John Wayne Gacy, David Berkowitz (o “Filho de Sam”) e Edmund Kemper desafiaram os métodos tradicionais de investigação. Não bastava buscar provas físicas: era necessário entender a mente do criminoso.

Douglas e Ressler conduziram longas entrevistas com assassinos presos. Nelas, perceberam que muitos apresentavam padrões fixos em seus crimes que não estavam relacionados à eficiência ou à prática do delito, mas a necessidades internas, de natureza emocional, psicológica ou até sexual. Foi assim que surgiu a ideia da assinatura: um comportamento extra, que excede o necessário para cometer o crime, mas que se repete porque satisfaz uma compulsão ou desejo íntimo.

Esse avanço teórico mudou para sempre a forma como investigações criminais seriam conduzidas. A partir daí, não se tratava apenas de colher digitais ou analisar armas do crime. Era preciso observar vestígios comportamentais: a posição dos corpos, objetos deixados no local, frases escritas em paredes, símbolos gravados nas vítimas.

Esses elementos, por vezes, se tornam tão marcantes quanto uma impressão digital. Ao contrário do modus operandi, que pode evoluir, a assinatura é estática: acompanha o criminoso ao longo de sua trajetória, como uma espécie de DNA psicológico.

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Diferenças entre assinatura, modus operandi e ritual

Embora muitas vezes confundidos, assinatura, modus operandi e ritual não são sinônimos. Compreender suas diferenças é vital para qualquer investigação criminal.

Modus operandi: a técnica do crime

O modus operandi (MO) é o conjunto de métodos e técnicas utilizados para executar o crime com sucesso. Inclui, por exemplo, a forma de entrar em uma casa, o tipo de arma escolhida, a maneira de imobilizar a vítima e a estratégia de fuga.

O MO é dinâmico: pode evoluir conforme o criminoso adquire experiência, aprende com erros ou adapta suas práticas para escapar da polícia. Um ladrão de bancos, por exemplo, pode começar agindo sozinho e depois passar a atuar em grupo; pode trocar de armas ou adotar disfarces mais sofisticados.

Ritual: o componente simbólico repetitivo

O ritual, por sua vez, está ligado a práticas de caráter simbólico, emocional ou religioso, que o criminoso repete porque lhe trazem satisfação. Pode incluir rezas, encenações, mutilações ou gestos específicos. Diferente da assinatura, o ritual não é fixo: pode variar em intensidade e até desaparecer em alguns crimes.

Assinatura: a marca estática

Já a assinatura é aquilo que não muda. Trata-se de um comportamento que excede o necessário para a prática do crime e que revela aspectos íntimos do criminoso. A assinatura pode ser a posição em que o corpo da vítima é deixado, um objeto simbólico colocado no local ou até uma ação repetitiva que se torna sua “marca registrada”.

Exemplo comparativo
Imagine um assassino que estrangula suas vítimas:

  • O estrangulamento é seu modus operandi.

  • Se ele obriga as vítimas a rezar antes de morrer, esse gesto é um ritual.

  • Se, em todos os crimes, ele deixa uma flor sobre o corpo, esse gesto é sua assinatura — um elemento fixo, que não se altera.


A assinatura como expressão psicológica

Quando falamos em assinatura criminal, não estamos apenas diante de um gesto curioso ou excêntrico do criminoso. Trata-se, na verdade, de uma manifestação do seu mundo interno, um reflexo de sua psique, que escapa em meio ao ato criminoso.

A assinatura é, muitas vezes, a janela pela qual se pode observar a alma do agressor. Por isso, ela é considerada estática: porque está profundamente enraizada em suas necessidades emocionais ou psicológicas. Diferente do modus operandi, que pode ser adaptado, a assinatura é a verdade íntima do criminoso — algo que ele não consegue abandonar.

Narcisismo e necessidade de reconhecimento

Um dos aspectos mais recorrentes é o narcisismo patológico. Muitos criminosos deixam marcas como forma de reivindicar reconhecimento. Para eles, o crime não basta; é preciso ser lembrado, estudado e temido.

Esse desejo de notoriedade explica por que assassinos como Dennis Rader, o BTK, enviavam cartas à polícia e à imprensa, detalhando seus crimes. Ele não queria apenas matar: queria que o mundo soubesse que ele era o autor. Sua assinatura não estava apenas nas cenas dos crimes, mas na forma de se comunicar com as autoridades.

Esse comportamento dialoga com a psicologia do poder e do controle. O criminoso, ao deixar sua marca, reafirma para si mesmo que domina a cena e que continuará sendo lembrado. É a tentativa de imortalizar seu nome — ainda que pela via da brutalidade.

Transtornos mentais e compulsões

Outro elemento central é a ligação entre assinatura e transtornos mentais. Delírios, compulsões e crenças obsessivas frequentemente motivam esses comportamentos.

Um criminoso pode, por exemplo, acreditar que precisa purificar suas vítimas após matá-las, lavando seus corpos ou cobrindo-os com símbolos religiosos. Outro pode carregar uma compulsão sexual que o leva a mutilar de forma idêntica todas as vítimas.

Esses atos não têm função prática: não dificultam a investigação nem aumentam a chance de sucesso do crime. Mas, para o criminoso, são indispensáveis, pois satisfazem uma necessidade interna que pode ser emocional, religiosa ou sexual.

Necessidades emocionais e sexuais

É importante frisar que a assinatura nem sempre está ligada à sexualidade, embora muitos crimes de cunho sexual apresentem esse componente. Em alguns casos, a assinatura atende a uma necessidade emocional, como vingança, ódio ou ressentimento.

Outros assassinos, porém, encontram prazer sexual no ato de deixar sua marca. Para eles, a assinatura é parte do gozo, da excitação e da descarga emocional que acompanha o crime. É como se, sem a assinatura, o crime não estivesse completo.

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Casos internacionais emblemáticos

A assinatura criminal se tornou evidente em inúmeros casos ao redor do mundo. Alguns deles se destacam não apenas pela brutalidade, mas pela clareza com que revelaram o papel desse conceito nas investigações.

Dennis Rader – O BTK

Dennis Rader ficou conhecido como BTK, sigla para Bind, Torture, Kill (“Amarrar, Torturar, Matar”). Ele aterrorizou o Kansas, nos Estados Unidos, durante décadas, até ser preso em 2005.

Sua assinatura incluía não apenas a forma de torturar e matar, mas o hábito de enviar cartas à imprensa e à polícia, descrevendo seus crimes em detalhes mórbidos. Em alguns casos, chegava a zombar das autoridades pela incapacidade de capturá-lo.

Esse desejo de comunicação era parte de sua necessidade de reconhecimento. Ele não queria apenas satisfazer suas compulsões; queria que todos soubessem que havia um assassino em atividade e que ele controlava a narrativa. Sua assinatura, portanto, extrapolava a cena do crime e se materializava na relação com a sociedade.

Ted Bundy

Um dos serial killers mais estudados da história, Ted Bundy assassinou dezenas de mulheres nos Estados Unidos durante os anos 1970. Bundy apresentava uma assinatura clara: a brutalidade e a forma como deixava suas vítimas.

Muitas delas eram espancadas até a morte e depois abandonadas em posições específicas. Bundy retornava aos locais para manter relações sexuais com os corpos em decomposição, numa prática de necrofilia que também fazia parte de sua assinatura.

A repetição desse padrão ajudou a conectar seus crimes e revelou a profundidade de seu sadismo. Para Bundy, a assinatura era parte do prazer e do controle absoluto sobre suas vítimas, mesmo após a morte.

O Assassino do Zodíaco

Entre o final da década de 1960 e início dos anos 1970, a Califórnia foi aterrorizada por um criminoso que se autodenominava Zodiac Killer. Ele enviava cartas enigmáticas para jornais, com mensagens cifradas e símbolos misteriosos.

Embora seus crimes variem em modus operandi — tiroteios, esfaqueamentos, ataques em locais distintos — sua assinatura estava na comunicação criptografada. Ele buscava confundir autoridades, desafiar a polícia e criar uma aura de mistério em torno de sua identidade.

Até hoje, sua identidade permanece desconhecida. Mas sua assinatura foi tão marcante que se tornou parte da cultura popular americana, inspirando livros, filmes e estudos de criminologia.

Jack, o Estripador

No final do século XIX, Londres conheceu um dos assassinos mais famosos da história: Jack, o Estripador. Suas vítimas, em sua maioria prostitutas, eram brutalmente mutiladas nas ruas de Whitechapel.

Sua assinatura estava tanto na forma como cortava as vítimas quanto nas cartas enviadas à imprensa. Algumas das mensagens incluíam pedaços de órgãos humanos, o que aumentava o pavor da população.

Os cortes profundos e específicos indicavam uma compulsão ligada a fantasias de controle e sadismo. Ainda hoje, Jack é estudado como exemplo clássico de como a assinatura pode ser usada para tentar conectar crimes e compreender a mente de um assassino, mesmo em uma época em que não havia recursos como DNA ou bancos de dados digitais.

David Berkowitz – O Filho de Sam

David Berkowitz, conhecido como Son of Sam, atuou em Nova York nos anos 1970, matando seis pessoas e ferindo várias outras. Ele enviava cartas para a polícia e para jornais, assinadas como “Filho de Sam”.

Sua assinatura estava justamente nesse gesto: criar uma identidade fictícia, uma persona que se sobrepunha ao seu eu real. Para Berkowitz, não bastava atirar em casais dentro de carros. Era preciso se tornar um mito urbano, uma entidade com nome próprio.

Esses casos demonstram que a assinatura criminal não é mero detalhe. Ela é parte integrante da motivação do criminoso, revelando narcisismo, compulsão, sadismo ou delírio. Para a investigação, a assinatura é valiosa porque conecta crimes, mas também perigosa: pode ser copiada por imitadores ou mal interpretada pelas autoridades.


Casos brasileiros emblemáticos

Embora os Estados Unidos concentrem os estudos mais conhecidos sobre serial killers e assassinos em massa, o Brasil também tem uma série de episódios em que padrões comportamentais e assinaturas se tornaram evidentes. Esses casos, além de chocarem a opinião pública, reforçam a importância de entender a assinatura como um elemento de investigação e de prevenção.

O massacre do Realengo (2011)

Em abril de 2011, Wellington Menezes de Oliveira entrou em sua antiga escola, no bairro de Realengo, Rio de Janeiro, e matou 11 adolescentes antes de se suicidar.

Sua assinatura não estava apenas na brutalidade do ato, mas no local escolhido: ele retornou ao espaço onde, anos antes, havia sofrido rejeições e bullying. Para Wellington, a escola simbolizava suas dores do passado. Os adolescentes assassinados não eram os responsáveis diretos por sua história de sofrimento, mas tornaram-se representações simbólicas de seus agressores.

Investigações posteriores apontaram que ele apresentava traços de transtorno psicótico, além de ter consumido conteúdos de ódio na internet. Sua assinatura se manifestou tanto no simbolismo do local quanto em seu comportamento final — suicidar-se após o massacre, em um gesto que repete o padrão de assassinos em massa ao redor do mundo.

O massacre de Suzano (2019)

O ataque à Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), em março de 2019, deixou dez mortos. Dois adolescentes planejaram e executaram o massacre, fortemente inspirados em Columbine (1999).

Sua assinatura estava presente em elementos estéticos e performáticos: roupas pretas, postagens nas redes sociais, poses que lembravam os atiradores de Columbine. A encenação fazia parte de sua identidade criminosa, uma forma de repetir e homenagear o massacre norte-americano.

Aqui, vemos como a assinatura também pode ser importada e copiada de outros contextos. O gesto de emular Columbine se torna uma marca pessoal, ainda que inspirada por um caso externo. Esse fenômeno é preocupante porque demonstra como a globalização da informação, via internet, contribui para a replicação de tragédias.

O ataque à creche de Saudades (2021)

Em maio de 2021, em Saudades (SC), um jovem de 18 anos invadiu uma creche com uma espada e matou uma professora e duas crianças pequenas. O episódio causou comoção nacional pela brutalidade contra vítimas indefesas.

O detalhe revelador: o alvo inicial do agressor era a escola onde havia estudado. Como estava fechada devido à pandemia, ele migrou para a creche. Ou seja, o objetivo não eram as pessoas em si, mas o simbolismo do espaço escolar.

Sua assinatura se revelou na escolha do local como cenário de vingança. O gesto não foi aleatório: carregava consigo o peso de uma fantasia de revanche contra o ambiente educacional que representava seu passado.

Outros episódios recentes

Diversos outros ataques, tanto em escolas quanto em espaços públicos, têm mostrado um padrão semelhante: locais escolhidos por seu valor simbólico e gestos repetidos que remetem a massacres anteriores.

Esses exemplos brasileiros reforçam a ideia de que a assinatura pode se manifestar não apenas em marcas físicas deixadas nas vítimas, mas também na escolha do cenário e na forma como o agressor deseja ser lembrado.


Dimensão neurocientífica e psiquiátrica da assinatura

A psicologia criminal e a criminologia se beneficiam cada vez mais dos avanços da neurociência e da psiquiatria forense. Hoje sabemos que muitos comportamentos de assinatura podem estar ligados a circuitos cerebrais de compulsão, prazer e memória.

Circuitos de recompensa e compulsão

A assinatura pode estar relacionada ao sistema de recompensa do cérebro, que envolve neurotransmissores como a dopamina. Quando o criminoso repete um gesto que lhe traz satisfação — deixar um objeto, fotografar a vítima, escrever mensagens — há uma descarga de prazer semelhante à experimentada em vícios.

Assim como em dependências químicas ou comportamentais, o cérebro associa aquele gesto à sensação de recompensa, reforçando sua repetição. Isso explica por que a assinatura é imutável: ela cumpre uma função psicológica tão poderosa que se torna indispensável para o criminoso.

Psicopatia e narcisismo patológico

Estudos indicam que muitos criminosos com assinaturas marcantes apresentam traços de psicopatia. Esses indivíduos possuem ausência de empatia, frieza emocional e desejo de controle absoluto.

O narcisismo patológico também é central: a assinatura funciona como um “cartão de visita” para garantir que o crime seja lembrado. Esse traço é visível em assassinos que se comunicam com a mídia ou deixam mensagens deliberadas, como BTK e Zodiac.

Psicose e delírios religiosos

Em outros casos, a assinatura decorre de delírios psicóticos. Um criminoso pode acreditar que precisa purificar suas vítimas com símbolos religiosos, que está cumprindo uma missão divina ou que só será perdoado se executar determinados rituais.

A esquizofrenia paranoide, por exemplo, pode gerar crenças delirantes que se traduzem em marcas específicas nos crimes. Nesses casos, a assinatura está menos ligada ao prazer e mais à tentativa de dar sentido a uma realidade distorcida.

Obsessões e transtorno compulsivo

A repetição da assinatura pode também se aproximar de um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). O criminoso sente que precisa realizar aquele gesto para que o crime “esteja completo”. Assim como alguém que precisa lavar as mãos repetidamente para aliviar a ansiedade, o criminoso precisa repetir sua assinatura para aliviar sua compulsão.


Limites da assinatura

Embora poderosa, a análise de assinaturas apresenta limitações que não podem ser ignoradas:

  • Imitação: criminosos podem copiar assinaturas famosas (como Columbine) para enganar autoridades ou ganhar notoriedade.

  • Falsos positivos: elementos de uma cena podem parecer uma assinatura, mas serem apenas coincidências ou fruto de improviso.

  • Evolução criminosa: embora a assinatura seja considerada estática, a forma de expressá-la pode variar, confundindo investigações.

  • Dependência excessiva: confiar apenas na assinatura sem apoio de provas físicas pode levar a erros judiciais.

Por isso, especialistas defendem que a assinatura deve ser usada em conjunto com outros elementos, como DNA, digitais, testemunhos e dados digitais.


O impacto da mídia e da cultura pop na assinatura criminal

Um dos aspectos mais discutidos atualmente é o papel da mídia e da cultura pop na construção e na difusão de assinaturas criminais. Criminosos, especialmente jovens em busca de notoriedade, encontram em filmes, séries, videogames e notícias de massacres modelos que podem ser copiados.

Columbine como matriz de inspiração

O Massacre de Columbine, ocorrido em 1999, transformou-se em referência para assassinos em massa no mundo todo. As roupas pretas, os discursos gravados, a encenação diante das câmeras — tudo isso se tornou parte de uma estética replicada em ataques posteriores.

No Brasil, os casos de Suzano (2019) e outros ataques escolares tiveram elementos diretamente inspirados em Columbine. Fotos postadas nas redes sociais pelos autores lembravam as poses dos atiradores americanos. Aqui, a assinatura não era apenas pessoal, mas também imitativa, reproduzindo símbolos de violência já conhecidos globalmente.

Séries e filmes

Séries como American Horror Story ou filmes como Natural Born Killers e Jogos Mortais exploram narrativas violentas que, para criminosos suscetíveis, funcionam como gatilhos ou referências estéticas. Embora não causem crimes por si só, podem fornecer ideias para a construção de uma assinatura.

O assassino deixa de ser apenas um agente isolado e passa a se enxergar como parte de uma “tradição” ou “movimento”, reforçada pela linguagem visual da cultura pop.

A mídia como amplificadora de assinaturas

Noticiários também desempenham papel importante. Quando jornais e TVs destacam repetidamente certos elementos de um crime — a roupa usada, a música ouvida, as mensagens deixadas — eles podem, sem querer, imortalizar a assinatura do criminoso e inspirar imitadores.

Esse fenômeno é chamado de efeito copycat (efeito imitação). O criminoso vê no crime anterior não apenas um exemplo, mas uma chance de “superar” o ato original. Sua assinatura passa a ser construída em diálogo com outros casos, criando uma espécie de cadeia de violência replicada.


Prevenção e desafios no Brasil

O estudo das assinaturas não tem apenas valor acadêmico: ele é essencial para prevenir crimes e salvar vidas. No Brasil, os desafios são grandes, mas algumas estratégias podem ser fundamentais.

Educação e capacitação

Professores e profissionais da educação devem ser capacitados para identificar sinais de alerta: isolamento social extremo, discursos de ódio, postagens violentas, mudanças bruscas de comportamento. Esses sinais muitas vezes precedem ataques e podem indicar que um jovem está construindo sua assinatura.

Treinar equipes escolares para reconhecer esses padrões é tão importante quanto medidas físicas de segurança, como câmeras e guardas.

Psicologia preventiva

É necessário investir em atendimento psicológico e psiquiátrico em escolas e comunidades. Muitos jovens que se tornam assassinos em massa carregam histórico de depressão, transtornos psicóticos ou traumas familiares. A intervenção precoce pode evitar que essas dores se transformem em fantasias violentas.

Além disso, programas de combate ao bullying são fundamentais, já que a narrativa de vingança contra a escola é recorrente em massacres.

Monitoramento ético de redes sociais

Grande parte das assinaturas contemporâneas se manifesta no ambiente digital. Fotos, frases, símbolos e até músicas escolhidas são publicados como antecipações do ato.

É importante que famílias, escolas e autoridades saibam monitorar de forma ética e responsável esses sinais, sem cair em perseguições injustas, mas também sem ignorar indicadores claros de risco.

Bancos de dados comportamentais

Assim como existem bancos de DNA, seria possível construir bancos de dados comportamentais que cataloguem assinaturas criminais. Isso permitiria identificar conexões entre crimes aparentemente isolados e antecipar padrões de risco.

Nos Estados Unidos, o FBI já possui sistemas semelhantes. No Brasil, ainda estamos distantes dessa realidade, mas é um passo fundamental para profissionalizar a investigação criminal.


A assinatura criminal é um conceito que transcende o campo acadêmico e se consolida como uma ferramenta essencial para compreender a mente criminosa. Ela é a marca psicológica que revela necessidades íntimas do agressor — seja poder, vingança, compulsão, prazer ou delírio.

No Brasil, casos como Realengo, Suzano e Saudades mostraram que a assinatura pode estar presente na escolha do local, na encenação estética ou na forma de buscar notoriedade. Esses episódios reforçam a necessidade de olhar para além do crime em si e compreender o que ele comunica sobre o criminoso.

Do ponto de vista da investigação, a assinatura é valiosa porque conecta crimes, mas deve ser usada com cautela. Ela pode ser copiada, reinterpretada ou confundida com coincidências. Por isso, precisa estar associada a provas físicas e digitais.

Do ponto de vista da prevenção, entender a assinatura é reconhecer que muitos massacres são precedidos por sinais claros: símbolos postados online, falas violentas, isolamento extremo. Quando esses sinais são ignorados, tragédias se tornam inevitáveis.

Em última análise, estudar a assinatura criminal é estudar a própria condição humana em seus extremos. É buscar compreender como traumas, delírios, narcisismo e compulsões podem se transformar em violência. E, sobretudo, é um esforço para que a sociedade esteja preparada para prevenir o próximo ataque antes que seja tarde demais.


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