29 – Sobrevivência nas Favelas: Meninas, Tráfico e o Silêncio Forçado nas Favelas
Nas favelas brasileiras, meninas são coagidas e violentadas por traficantes em um ciclo brutal de medo, silêncio e impunidade. Este artigo revela a face esquecida da guerra contra as mulheres e a infância perdida nas mãos do crime
Sobrevivência nas Favelas – Nas entranhas das comunidades brasileiras, onde a ausência do Estado é preenchida pela lei do crime organizado, uma tragédia silenciosa e devastadora se desenrola diariamente. Meninas e adolescentes, muitas com apenas 12 ou 13 anos, são sistematicamente coagidas, exploradas e violentadas por traficantes que impõem um regime de terror.
Este não é um problema isolado, mas uma epidemia de violência de gênero que destrói infâncias, desestrutura famílias e perpetua um ciclo de trauma com custos sociais incalculáveis. A recusa em se submeter a essa dominação pode significar a morte; a aceitação, a perda da dignidade e da vida. Este artigo aprofunda a análise dessa barbárie, trazendo à luz dados, contextos e as complexas camadas de uma guerra não declarada contra as futuras gerações, otimizado com as melhores práticas de SEO para garantir que esta discussão crucial alcance a máxima visibilidade.
Sobrevivência nas Favelas – A Geografia do Medo:
O Domínio do Tráfico e a Coação de Meninas
Em vastas áreas de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e outras metrópoles, o poder paralelo de facções como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) substitui a autoridade do Estado. Nessas “zonas de sacrifício”, a palavra de um chefe de facção tem mais peso do que a Constituição. Para as meninas que crescem nesses territórios, a infância é roubada e a liberdade, uma miragem. Elas são vistas não como crianças, mas como propriedade, objetos a serem conquistados e controlados. A coação para se relacionarem com criminosos é uma prática comum e brutal, uma demonstração de poder que aterroriza a comunidade e reforça a hierarquia do crime.
Relatórios de organizações não governamentais e dados de segurança pública pintam um quadro alarmante. A subnotificação é uma barreira significativa, impulsionada pelo medo de represálias e pela profunda desconfiança nas instituições estatais, especialmente na polícia. O silêncio é uma regra de sobrevivência. Mesmo assim, os números disponíveis revelam a ponta de um iceberg de horror. O texto original mencionava 230 meninas e adolescentes vítimas de violência relacionada ao tráfico em um ano, um número que, embora chocante, é provavelmente uma fração da realidade.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), é uma das fontes mais confiáveis para dimensionar a violência no país. Seus dados, embora não especifiquem a coação por traficantes, fornecem o contexto da violência de gênero em que esse fenômeno está inserido.
| Indicador de Violência (Brasil, 2024) | Número | Fonte |
|---|---|---|
| Feminicídios | 1.492 | [1] |
| Tentativas de Feminicídio | 3.870 | [1] |
| Vítimas de Estupro e Estupro de Vulnerável | 87.545 | [1] |
| Percentual de Vítimas de Feminicídio Negras | 63,6% | [1] |
Estes números são a prova de que a violência contra a mulher é endêmica no Brasil. A afirmação do texto original de que a taxa de feminicídios de adolescentes é até quatro vezes maior em regiões sob forte presença de facções encontra eco em análises de especialistas que conectam o fortalecimento do crime organizado ao aumento da violência de gênero [2]. O controle territorial armado exacerba a misoginia e cria um ambiente onde a vida das mulheres tem ainda menos valor.
A Violência Sexual como Arma de Controle e Dominação
A violência sexual é uma das ferramentas mais cruéis e eficazes utilizadas pelo tráfico para manter seu domínio. De acordo com uma pesquisa de 2025 da Plan Brasil, 87% dos brasileiros identificam a violência sexual como a principal violação sofrida por meninas no país [3]. O estupro e a exploração sexual não são apenas atos de luxúria, mas estratégias de intimidação, controle e demonstração de poder. Uma menina coagida a se relacionar com um traficante torna-se um troféu, um símbolo do poder dele sobre a comunidade. Sua família é silenciada, e a mensagem para outras jovens é clara: resistir é inútil e perigoso.
Essa violência assume múltiplas formas, incluindo a “adultização” precoce, onde meninas são tratadas como mulheres adultas e expostas a situações inadequadas para sua idade, algo que 90% dos brasileiros reconhecem como uma forma de violência [3]. Os dados do Ministério da Saúde corroboram essa percepção. Em 2024, o Brasil registrou 87.545 vítimas de estupro e estupro de vulnerável, o que equivale a uma pessoa estuprada a cada seis minutos [1]. Um boletim epidemiológico do mesmo ano detalha que, entre os adolescentes, 66,4% das vítimas de violência sexual são do sexo feminino [4]. Esses números, embora abrangentes, incluem as inúmeras vítimas invisíveis das favelas, cujas histórias raramente chegam às estatísticas oficiais.
Um exemplo localizado, mas que ilustra a tendência nacional, é o da favela do Sol Nascente, no Distrito Federal, a maior do Brasil. Em 2023, a região viu um aumento de 58% nos casos de estupro de adolescentes, um reflexo da vulnerabilidade amplificada em territórios com alta densidade populacional e baixa presença estatal [5].
Fatores de Vulnerabilidade:
A Interseção de Pobreza, Raça e Gênero
Para compreender a profundidade do problema, é crucial analisar os fatores que tornam as meninas das favelas alvos tão vulneráveis. A violência não ocorre no vácuo; ela é alimentada por uma complexa interseção de desigualdades sociais, econômicas e raciais. A pobreza extrema, a falta de acesso à educação de qualidade e a ausência de oportunidades de trabalho criam um terreno fértil para o aliciamento pelo crime organizado.
Em um ambiente de escassez, o poder financeiro do tráfico se torna uma ferramenta de sedução e coação. Traficantes oferecem presentes, dinheiro e um estilo de vida que parece inatingível para muitas jovens. Essa “ajuda” inicial rapidamente se transforma em uma dívida impagável, que é cobrada com o corpo e a liberdade da menina. A família, muitas vezes chefiada por uma mãe solo que luta para sobreviver, encontra-se sem recursos para competir com o poder do tráfico ou para proteger sua filha.
A questão racial é outro componente central. O Anuário de Segurança Pública mostra que 63,6% das vítimas de feminicídio em 2024 eram negras [1]. Da mesma forma, dados do Senado Federal sobre homicídios de jovens apontam que 83,6% dos mortos são negros [15]. Essa sobrerrepresentação não é coincidência, mas o resultado de um racismo estrutural que empurra a população negra para as margens da sociedade, concentrando-a em territórios precarizados e militarizados, onde a violência do Estado e do crime é mais intensa. Meninas negras e pobres são, portanto, as vítimas preferenciais desse sistema de opressão.
O Trauma Geracional e a Saúde Mental da Favela
A violência imposta pelo tráfico transcende a agressão física. Ela deixa cicatrizes psicológicas profundas e duradouras, tanto nas vítimas diretas quanto em suas famílias e na comunidade como um todo. A exposição constante à violência armada, a ameaças e à brutalidade cria um ambiente de estresse tóxico que afeta o desenvolvimento neurológico e emocional de crianças e adolescentes. Estamos falando de um trauma geracional, uma ferida que é transmitida de pais para filhos, normalizando o horror e limitando as perspectivas de futuro.
Especialistas em saúde mental alertam para as consequências devastadoras. Moradores de áreas de conflito frequentemente desenvolvem Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), ansiedade generalizada e depressão [6] [7]. Para uma menina forçada a um relacionamento com um criminoso, o trauma é multifacetado. Ela lida com a perda da autonomia, o abuso sexual, o medo constante, o estigma social e a perda da infância. Muitas abandonam a escola, se isolam de amigos e perdem a esperança.
“Esses traumas não são fatos isolados”, afirma a psicanalista Vera Iaconelli, em entrevista ao Brasil de Fato. Ela explica que a repetição da violência nas favelas cria um trauma coletivo que corrói os laços sociais e a capacidade da comunidade de reagir [8].
As mães dessas meninas vivem um luto silencioso e um terror constante. Impotentes para proteger suas filhas, elas mesmas adoecem, desenvolvendo quadros crônicos de ansiedade e depressão. O medo de perder um filho para a violência do tráfico é uma constante que mina a saúde mental e a qualidade de vida. Esse ciclo de trauma se torna geracional, com os filhos crescendo em um ambiente onde a violência é normalizada e a morte, uma possibilidade cotidiana. A evasão escolar é uma consequência direta, pois as ruas e, por vezes, a própria escola, não são mais espaços seguros.
A Narcocultura e a Banalização do Mal
Um dos fenômenos mais perversos que agravam a situação é a romantização do crime organizado e a glamourização da figura do traficante. Nas redes sociais, em músicas (como alguns subgêneros do funk) e até em produções audiovisuais, o criminoso é por vezes retratado como um “herói do povo”, um provedor de justiça social em um Estado ausente, uma espécie de Robin Hood moderno. Essa narrativa perigosa e distorcida ignora a brutalidade sistemática imposta por esses mesmos “heróis”, especialmente contra mulheres e meninas.
Plataformas como TikTok, Instagram e Facebook são utilizadas por traficantes para exibir poder, ostentar armas e dinheiro, e construir uma imagem de sucesso e autoridade [9] [10]. Essa “narcocultura” atrai jovens em situação de vulnerabilidade, que veem no crime uma das poucas e mais rápidas vias de ascensão social e obtenção de respeito. Para as meninas, essa glamourização cria uma armadilha ainda mais complexa, onde a figura do agressor é misturada à do protetor ou do parceiro desejável.
A novela “A Força do Querer”, da TV Globo, com a personagem Bibi Perigosa, gerou um amplo debate sobre a glamourização do tráfico. A socióloga Yvonne Maggie, em seu blog no G1, questionou se a ficção não estaria “produzindo uma realidade, inventando e glamourizando uma vida perigosa, criminosa e contra a lei” [11].
Essa romantização serve para mascarar a realidade da exploração. O traficante que distribui cestas básicas na comunidade é o mesmo que executa rivais, recruta crianças para a guerra e abusa sexualmente de meninas. Defender ou aplaudir essa figura não é um ato de resistência contra o sistema; é cumplicidade com a barbárie. Não existe “traficante do bem”. Existe o opressor e o oprimido, e as meninas das favelas estão, invariavelmente, do lado mais frágil dessa balança.
Novas Fronteiras da Violência:
O Digital como Campo de Batalha
A vulnerabilidade das meninas não se restringe ao mundo físico. A internet, que 92% dos brasileiros acreditam aumentar o risco para elas [3], tornou-se um novo e perigoso campo de batalha. A violência digital, incluindo a exploração sexual online e o deepfake, representa uma nova fronteira de violação de direitos.
Um relatório da SaferNet Brasil de outubro de 2025 revelou a assustadora realidade dos deepfakes sexuais envolvendo adolescentes. Foram encontrados 16 casos em escolas de 10 estados, com 72 vítimas e 57 agressores, todos menores de 18 anos [3]. Essas montagens, que utilizam inteligência artificial para colocar o rosto de uma menina no corpo de outra pessoa em contexto sexual, são uma forma de humilhação pública e violência psicológica de impacto imensurável. A ameaça de criar e divulgar um deepfake pode ser usada como mais uma ferramenta de coação por agressores, incluindo traficantes que buscam controlar e aterrorizar suas vítimas.
Essa realidade contradiz a percepção de 83% da população de que a internet é o lugar mais perigoso, em detrimento da própria casa (33%) [3]. A verdade, como apontam as estatísticas, é que o perigo muitas vezes está dentro de casa ou no círculo de confiança da vítima. No entanto, o ambiente digital potencializa o alcance e a permanência da violência, tornando a humilhação viral e eterna.
O Arcabouço Legal e o Abismo da Implementação
O Brasil possui um dos arcabouços legais mais avançados do mundo no que tange à proteção de crianças, adolescentes e mulheres. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, e a Lei Maria da Penha, de 2006, são marcos legislativos que estabelecem a doutrina da proteção integral e definem mecanismos robustos para coibir a violência. No entanto, existe um abismo profundo entre a lei no papel e sua aplicação efetiva nos territórios conflagrados pelo tráfico.
O ECA (Lei nº 8.069/90) é claro em seu artigo 5º: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais” [12]. A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06), por sua vez, tipifica a violência doméstica e familiar e cria mecanismos para sua prevenção e repressão. Ambas as leis deveriam, em tese, proteger integralmente as meninas das favelas.
O problema é que a soberania do Estado não alcança esses locais. A rede de proteção prevista em lei – Conselhos Tutelares, Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), delegacias especializadas – opera com extrema dificuldade. Conselheiros tutelares são ameaçados, profissionais de saúde e assistência social trabalham sob medo constante, e as próprias vítimas e suas famílias não confiam no sistema para denunciar. A denúncia contra um traficante pode ser uma sentença de morte, e a proteção oferecida pelo Estado é, na percepção dos moradores, frágil e temporária.
Ademais, a própria atuação policial, muitas vezes violenta e indiscriminada, aumenta a desconfiança e afasta a comunidade das instituições. Quando o mesmo Estado que deveria proteger é visto como uma fonte de violência e violação de direitos, a quem recorrer? Esse dilema paralisa as vítimas e garante a impunidade dos agressosores.
Luzes de Resistência:
A Luta da Sociedade Civil e das Comunidades
Apesar do cenário desolador de violência e abandono estatal, as favelas brasileiras são também palco de uma potente e incansável resistência. Liderada em grande parte por mulheres – mães, ativistas, educadoras –, a sociedade civil organizada se articula para criar redes de proteção, gerar oportunidades e lutar pela vida e pela dignidade de suas meninas e jovens. Essas iniciativas são a prova de que a comunidade não é passiva e que, mesmo sob fogo cruzado, a esperança é uma força transformadora.
No Rio de Janeiro, o complexo de favelas da Maré, um dos territórios mais conflagrados da cidade, abriga a Redes da Maré, uma organização que se tornou referência internacional. Dentro de sua estrutura, a Casa das Mulheres da Maré é um pilar fundamental. Inaugurada em 2016, ela funciona como um espaço de acolhimento, formação e articulação política, fomentando o protagonismo feminino e oferecendo suporte psicossocial e jurídico a vítimas de violência [16]. O trabalho da Casa das Mulheres é um exemplo de como a ação local pode construir alternativas reais ao ciclo de violência, oferecendo um porto seguro e ferramentas para que as mulheres se fortaleçam e lutem por seus direitos.
Outra iniciativa de grande impacto é a Gerando Falcões, um ecossistema de desenvolvimento social que atua em rede em favelas de todo o Brasil. Liderada por Edu Lyra, a organização foca em acelerar o impacto de líderes locais, investindo em projetos de educação, desenvolvimento econômico e cidadania [17]. Ao promover o empreendedorismo e a qualificação profissional, a Gerando Falcões oferece aos jovens uma alternativa concreta ao aliciamento pelo crime, mostrando que é possível construir um futuro próspero e digno longe da violência.
Ligada à Central Única das Favelas (CUFA), a Mães da Favela é uma organização que ganhou enorme projeção ao amparar e acolher mulheres em situação de vulnerabilidade, especialmente durante a pandemia de COVID-19. O projeto reconhece o papel central das mães na estrutura familiar e comunitária e busca fortalecê-las, oferecendo desde segurança alimentar até apoio para a geração de renda [18]. Ao empoderar as mães, a organização fortalece toda a rede de proteção em torno das crianças e adolescentes.
O UNICEF, em parceria com organizações locais como a Luta Pela Paz, desenvolve projetos como o “Zona Nossa”, que leva debates sobre gênero, raça, identidade territorial e autocuidado para dentro das comunidades [19]. Essas ações são cruciais para a formação de uma consciência crítica entre os jovens, ajudando-os a identificar e a combater as diferentes formas de violência e opressão a que estão submetidos.
Em São Paulo, coletivos como o Nós, Mulheres da Periferia, atuam para dar visibilidade às pautas e às vozes das mulheres das bordas da cidade, utilizando o jornalismo e a comunicação como ferramentas de transformação social [20]. Essas iniciativas são fundamentais para furar a bolha da grande mídia e levar ao debate público as realidades e as lutas que muitas vezes são invisibilizadas.
Essas e muitas outras organizações formam uma teia de resistência que salva vidas todos os dias. Elas são a prova de que a solução para a violência não virá de mais armas ou de mais operações policiais, mas do investimento nas pessoas, na organização comunitária e na criação de oportunidades.
A Falência da Guerra às Drogas
e a Urgência de um Novo Paradigma
A raiz do problema reside na falha histórica do Estado brasileiro em garantir direitos básicos e segurança a todos os seus cidadãos. A estratégia de “Guerra às Drogas”, adotada há décadas, provou ser um fracasso retumbante. Ela não reduziu o consumo ou o tráfico, mas resultou em um encarceramento em massa, principalmente da população negra e pobre, e em uma espiral de violência que vitimiza principalmente os moradores das favelas. A presença do Estado, quando ocorre, é quase sempre através da força policial, em operações que frequentemente resultam em mais violência e violações de direitos, aprofundando o trauma das comunidades.
Proteger essas meninas exige uma mudança radical de paradigma. É preciso ir além da lógica da guerra e adotar uma abordagem integrada de segurança pública e desenvolvimento social. Isso inclui:
- Desmilitarização da Segurança Pública e Foco em Inteligência: Substituir a lógica de confronto armado por ações de inteligência que visem desarticular as altas cúpulas das facções e suas redes de lavagem de dinheiro. Isso reduz a violência na ponta e protege a vida dos moradores. A polícia precisa ser treinada para atuar como uma força de proteção cidadã, e não como um exército de ocupação.
- Fortalecimento da Rede de Proteção: Capacitar e dar segurança para que conselhos tutelares, assistentes sociais e psicólogos possam atuar dentro das comunidades, criando vínculos de confiança com as famílias. É preciso investir em equipes multidisciplinares que possam oferecer suporte integral às vítimas e suas famílias.
- Educação como Escudo: A escola deve ser o espaço mais seguro da comunidade. Investir em educação em tempo integral, com atividades culturais, esportivas e de formação profissional, é a estratégia mais eficaz a longo prazo para disputar os jovens com o tráfico. Uma educação que promova a igualdade de gênero e o pensamento crítico é fundamental para desconstruir a narcocultura.
- Saúde Mental como Política de Estado: É urgente criar uma infraestrutura de atendimento psicossocial nas favelas, com psicólogos e psiquiatras disponíveis para atender às vítimas de trauma. A saúde mental não pode ser um luxo, mas um direito, especialmente para populações expostas a níveis extremos de violência.
- Acolhimento e Proteção a Vítimas: Criar casas de acolhimento seguras e sigilosas para meninas e suas famílias que estejam sob ameaça, garantindo proteção e suporte psicossocial para que possam reconstruir suas vidas longe da influência dos agressores. Esses programas precisam ser acompanhados de políticas de reinserção social e econômica.
Em outubro de 2025, o governo federal anunciou novas medidas para fortalecer a proteção de crianças e adolescentes, com o objetivo de aumentar a resiliência dos jovens contra o uso de drogas, a violência e a exploração pelo crime organizado [13]. Em abril do mesmo ano, o Brasil, em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), lançou a primeira estratégia nacional para proteger crianças da violência, do crime e das drogas, um passo importante que precisa se traduzir em ações concretas e com recursos adequados [14].
Rompendo o Silêncio, Restaurando a Vida
A coação de meninas pelo tráfico nas favelas brasileiras é uma das faces mais cruéis da nossa desigualdade social e da falência do nosso modelo de segurança pública. É uma violência que rouba o presente e aniquila o futuro, perpetuando ciclos de dor e desesperança. A sociedade não pode mais se dar ao luxo de ignorar essa realidade ou de se esconder atrás de narrativas que romantizam a criminalidade.
Romper o silêncio forçado imposto a essas meninas é um imperativo moral. Exige coragem para nomear os agressores, para cobrar do Estado uma presença que proteja e não que oprima, e para desconstruir a cultura que tolera a violência contra a mulher. As meninas das favelas não precisam de “heróis” armados que lhes ofereçam uma vida de medo e submissão. Elas precisam de liberdade para sonhar, de segurança para crescer, de oportunidades para se desenvolverem e, acima de tudo, do direito inalienável de dizer “não”. Elas precisam de vida, em sua plenitude.
Referências
[1]: Fórum Brasileiro de Segurança Pública. (2025). Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025. https://forumseguranca.org.br/publicacoes/anuario-brasileiro-de-seguranca-publica/ [2]: Veja. (2025, 4 de fevereiro). Crescimento das facções criminosas aumenta a violência contra a mulher. https://veja.abril.com.br/coluna/balanco-social/crescimento-das-faccoes-criminosas-aumenta-a-violencia-contra-a-mulher/ [3]: Agência Brasil. (2025, 11 de outubro). Violência sexual é violação que mais vitima meninas, aponta pesquisa. https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2025-10/violencia-sexual-e-violacao-que-mais-vitima-meninas-aponta-pesquisa [4]: Ministério da Saúde. (2024, 29 de fevereiro). Notificações de Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes. Boletim Epidemiológico, 54(08). https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2023/boletim-epidemiologico-volume-54-no-08 [5]: Metrópoles. (2023, 12 de abril). Estupros de adolescentes crescem 58% no Sol Nascente, a maior favela do país. https://www.metropoles.com/distrito-federal/estupros-de-adolescentes-crescem-58-no-sol-nascente-a-maior-favela-do-pais [6]: CNN Brasil. (2025, 30 de outubro). Megaoperação no Rio: entenda os impactos na saúde mental da população. https://www.cnnbrasil.com.br/saude/megaoperacao-no-rio-entenda-os-impactos-na-saude-mental-da-populacao/ [7]: DW Brasil. (2025, 31 de outubro). Trauma invisível: o impacto psicológico do confronto no Rio. https://www.dw.com/pt-br/trauma-invis%C3%ADvel-os-efeitos-psicol%C3%B3gicos-dos-confrontos-no-rio-de-janeiro/a-74573660 [8]: Brasil de Fato. (2025, 30 de outubro). ‘Esses traumas não são fatos isolados’, afirma psicanalista sobre violência nas favelas. https://www.brasildefato.com.br/2025/10/30/esses-traumas-nao-sao-fatos-isolados-afirma-psicanalista-sobre-violencia-nas-favelas/ [9]: Vice. (2014, 20 de março). Brazil’s Drug Dealers Are in Love With Social Media. https://www.vice.com/en/article/brazils-drug-dealers-are-in-love-with-social-media/ [10]: Latinoamerica21. (2025, 14 de julho). Dangerous ‘Influencers’: Organized crime on social media. https://latinoamerica21.com/en/dangerous-influencers-organized-crime-on-social-media/ [11]: G1. (2017, 1 de setembro). Bibi Perigosa e o glamour do tráfico de drogas. https://g1.globo.com/pop-arte/blog/yvonne-maggie/post/bibi-perigosa-e-o-glamour-do-trafico-de-drogas.html [12]: Presidência da República. (1990). Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm [13]: Governo Federal. (2025, 15 de outubro). Governo do Brasil anuncia novos atos para proteção dos direitos de crianças e adolescentes. https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2025/10/governo-do-brasil-anuncia-novos-atos-para-protecao-dos-direitos-de-criancas-e-adolescentes [14]: UNODC. (2025, 10 de abril). Investing in child protection as a priority: Brazil launches the first-ever national strategy to protect children from violence, crime and drugs. https://www.unodc.org/unodc/frontpage/2025/April/investing-in-child-protection-as-a-priority_-brazil-launches-the-first-ever-national-strategy-to-protect-children-from-violence–crime-and-drugs.html [15]: Senado Federal. (2024, 23 de agosto). Brasil tem 5 mil crianças e adolescentes assassinados por ano, aponta debate. https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2024/08/23/brasil-tem-5-mil-criancas-e-adolescentes-assassinados-por-ano-aponta-debate [16]: Redes da Maré. Casa das Mulheres da Maré. https://www.redesdamare.org.br/br/info/36/casa-das-mulheres-da-mare [17]: Gerando Falcões. Um ecossistema de Desenvolvimento Social. https://gerandofalcoes.com/ [18]: Mães da Favela. Instagram. https://www.instagram.com/maesdafavela/?hl=en [19]: UNICEF. (2021, 19 de julho). Zona Nossa: mobilização feminina nas favelas. https://www.unicef.org/brazil/historias/zona-nossa-mobilizacao-feminina-nas-favelas [20]: Nós, Mulheres da Periferia. Site oficial. http://nosmulheresdaperiferia.com.br/Sobrevivência nas Favelas, Sobrevivência nas Favelas, Sobrevivência nas Favelas, Sobrevivência nas Favelas, Sobrevivência nas Favelas, Sobrevivência nas Favelas, Sobrevivência nas Favelas, Sobrevivência nas Favelas
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