CriançasEm DestaquePsicologia Criminal

15 – Crianças perversas: entre maldade e transtorno

Crianças perversas têm traços de personalidade e comportamentos antissociais ou perversos precoces, que podem indicar tendências de psicopatia, transtorno de conduta ou outras desordens de desenvolvimento socioemocional.

Crianças perversas – O termo “criança perversa” desperta medo, curiosidade e até desconforto. Afinal, estamos acostumados a associar a infância à inocência, pureza e espontaneidade. Mas a história e a psicologia mostram que nem sempre é assim.

É fundamental ressaltar que o comportamento antissocial na infância é um fenômeno heterogêneo, envolvendo uma complexa interação entre fatores genéticos, neurobiológicos, psicológicos, familiares e sociais. A rotulação de uma criança como “má” ou “perversa” é simplista e prejudicial, ignorando as vulnerabilidades e os contextos que frequentemente estão na raiz desses comportamentos. 

Existem casos de crianças que cometeram crimes brutais, exibiram frieza emocional precoce e prazer em causar dor e por isso se faz necessário explorar as principais classificações diagnósticas, como o Transtorno de Conduta (TC) e o Transtorno de Oposição Desafiante (TOD), detalhando seus critérios e características. Serão apresentados perfis psicológicos e comportamentais, incluindo diferenças de gênero e gravidade.

LEIA TAMBÉM:
Anjos Cruéis: A crueldade infantil
Winnicott: Privação e Delinquência
Violência entre crianças e adolescentes

Além disso, serão analisados casos documentados, tanto nacionais quanto internacionais, que ilustram a complexidade e a gravidade desses comportamentos. Por fim, serão discutidos os fatores de risco e os sinais de alerta que podem auxiliar na identificação precoce e na busca por intervenções adequadas.

Na visão freudiana, a criança perversa manifesta uma fixação na fase sádico-anal, em que o prazer está associado ao controle e à destruição. Na psicologia junguiana, tais crianças projetam arquétipos sombrios não integrados, representando uma “sombra” que se manifesta cedo.


O que significa “criança perversa”?

Na psicologia clínica, não se usa o termo “criança má” — afinal, a maldade é uma construção social. O que se observa são comportamentos que se enquadram em diagnósticos como:

  • Transtorno de Conduta

  • Transtorno Opositivo-Desafiador

  • Transtornos de Personalidade em formação (especialmente traços antissociais e narcisistas)

  • Traços insensíveis e sem emoção (callous-unemotional traits)

Esses traços incluem:

  • Ausência de empatia

  • Frieza diante do sofrimento alheio

  • Capacidade de manipulação precoce

  • Comportamentos cruéis e repetitivos

  • Falta de culpa ou remorso


Perfis psicológicos das crianças perversas

1. A criança cruel

Caracteriza-se pela crueldade direta, principalmente contra animais ou irmãos mais novos. Essa violência não é episódica, mas repetitiva e acompanhada de prazer visível.

  • Sinais: bater em animais, destruir brinquedos de colegas, rir diante do sofrimento de outros.

  • Risco: evoluir para comportamentos sádicos na adolescência.

2. A criança manipuladora

Apresenta desde cedo uma inteligência social acima da média, mas voltada para manipular. Sabe usar mentiras, dividir adultos e explorar pontos fracos de colegas.

  • Sinais: inventar histórias elaboradas, falsificar situações, enganar para obter recompensas.

  • Risco: desenvolver traços narcisistas e sociopáticos.

3. A criança sádica

Encontra prazer explícito em humilhar e ferir. Costuma liderar grupos de bullying, organizar situações para expor colegas e rir diante da dor.

  • Sinais: provoca brigas, encena acidentes para assistir, ridiculariza sem piedade.

  • Risco: predisposição para condutas violentas e até crimes.

4. A criança com frieza emocional

Não cria vínculos afetivos profundos, mesmo dentro da família. Seu afeto é utilitário, isto é, se relaciona apenas quando tem algo a ganhar.

  • Sinais: não chora diante de separações, não sente culpa, não reage a punições.

  • Risco: presença de traços típicos de psicopatia em formação.

5. A criança de risco para psicopatia

Aqui entram os chamados “traços insensíveis e sem emoção” (callous-unemotional traits). São crianças frias, insensíveis e sem medo, mesmo diante de consequências graves.

  • Sinais: ausência total de empatia, crueldade planejada, falta de arrependimento.

  • Risco: altíssima chance de evoluir para transtorno de personalidade antissocial.

Crianças perversas
Crianças perversas

Perfis Psicológicos e Comportamentais

Perfis por Gênero

Embora o Transtorno de Conduta afete ambos os sexos, existem diferenças notáveis na forma como os comportamentos antissociais se manifestam em meninos e meninas.

  • Meninos: Tendem a exibir comportamentos mais externalizantes e agressivos, como brigas físicas, vandalismo, roubo e uso de armas. A agressividade é mais direta e confrontadora.
  • Meninas: Frequentemente apresentam comportamentos mais relacionais e internalizantes, como mentiras, fofocas, manipulação social, fugas de casa e, na adolescência, podem se envolver em prostituição. A agressividade é mais sutil e indireta.

Ambos os sexos apresentam maior risco de uso de substâncias, dificuldades escolares e ideação suicida.

Perfis por Gravidade

O Transtorno de Conduta pode ser classificado em três níveis de gravidade:

  • Leve: Os problemas de conduta são relativamente menores e causam danos mínimos a outros. Exemplos incluem mentiras ocasionais, faltas escolares e desobediência.
  • Moderado: O número e o impacto dos problemas de conduta são intermediários. Exemplos incluem roubo sem confronto, vandalismo e fugas de casa.
  • Grave: Os problemas de conduta são numerosos e causam danos consideráveis a outros. Exemplos incluem crueldade física, roubo com confronto, uso de armas e abuso sexual.

Perfis por Idade de Início

A idade de início do Transtorno de Conduta é um fator prognóstico importante.

  • Início na Infância (antes dos 10 anos): Geralmente associado a um pior prognóstico, com maior probabilidade de persistência do comportamento antissocial na vida adulta e evolução para o Transtorno da Personalidade Antissocial. Fatores neurobiológicos e genéticos parecem ter um papel mais significativo nesses casos.
  • Início na Adolescência (após os 10 anos): Apresenta um prognóstico mais favorável, com maior probabilidade de remissão na idade adulta. Fatores ambientais, como a influência de pares e o contexto social, costumam ser mais proeminentes.

Comorbidades

Crianças com Transtorno de Conduta frequentemente apresentam outros transtornos mentais, o que complica o diagnóstico e o tratamento. As comorbidades mais comuns incluem:

  • Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): A comorbidade mais comum, caracterizada por impulsividade, desatenção e hiperatividade.
  • Transtornos do Humor: Depressão e Transtorno Bipolar são frequentes, manifestando-se através de irritabilidade, tristeza e mudanças de humor.
  • Transtornos de Ansiedade: Ansiedade social, transtorno de estresse pós-traumático e fobias podem coexistir com o TC.
  • Uso de Substâncias: O abuso de álcool e outras drogas é comum, especialmente na adolescência.

Fatores de Risco e Sinais de Alerta

O desenvolvimento de comportamentos antissociais na infância é um processo complexo e multifatorial. Diversos fatores de risco podem contribuir para o surgimento desses comportamentos, e a presença de múltiplos fatores aumenta significativamente a probabilidade de desenvolvimento de um Transtorno de Conduta.

Fatores de Risco

  • Fatores Individuais: Temperamento difícil na infância, baixo QI verbal, déficits neuropsicológicos (funções executivas, processamento de informações), impulsividade e baixa tolerância à frustração.
  • Fatores Familiares: Histórico de comportamento antissocial nos pais, abuso de substâncias pelos pais, psicopatologia parental (depressão, esquizofrenia), práticas parentais inadequadas (disciplina inconsistente ou excessivamente severa, falta de monitoramento), violência doméstica, abuso e negligência infantil.
  • Fatores Sociais e Ambientais: Pobreza, vizinhança desorganizada, exposição à violência na comunidade, influência de pares delinquentes, baixo desempenho e vínculo escolar.

Sinais de Alerta

A identificação precoce de sinais de alerta é crucial para a prevenção e o tratamento eficaz dos comportamentos antissociais. Alguns dos principais sinais de alerta incluem:

  • Crueldade com animais: Um dos preditores mais fortes de violência interpessoal futura.
  • Comportamento incendiário: Fascínio pelo fogo e destruição de propriedade através de incêndios.
  • Mentiras patológicas: Mentiras frequentes e elaboradas, sem motivo aparente.
  • Falta de empatia: Incapacidade de compreender ou se importar com os sentimentos dos outros.
  • Comportamento manipulador: Uso de charme, engano e sedução para conseguir o que deseja.
  • Agressividade persistente: Brigas frequentes, bullying e comportamento ameaçador.
  • Problemas escolares: Dificuldades de aprendizagem, suspensões e expulsões.
  • Isolamento social: Dificuldade em fazer e manter amizades.

LEIA TAMBÉM:
Anjos Cruéis: A crueldade infantil
Winnicott: Privação e Delinquência
Violência entre crianças e adolescentes

Outros exemplos clínicos

Estudos modernos mostram crianças que:

  • torturam animais por diversão;

  • planejam agressões contra colegas;

  • usam chantagem emocional para controlar adultos.

Crianças perversas
Crianças perversas

O Perfil de Risco Elevado: O Papel dos Traços de Insensibilidade e Afeto Restrito (CU Traits)

No universo dos transtornos de comportamento, os Traços de Insensibilidade e Afeto Restrito (CU Traits) representam um subgrupo de alto risco, atuando como um especificador no diagnóstico do Transtorno de Conduta. Esses traços são definidos pela falta de remorso ou culpa, insensibilidade, falta de preocupação com o desempenho e ausência de empatia. Crianças que apresentam esses traços demonstram um desinteresse impiedoso pelos sentimentos e direitos alheios. 

A presença de traços CU em crianças e adolescentes é considerada um dos indicadores mais preocupantes para o desenvolvimento de comportamentos antissociais graves e persistentes na vida adulta, e é frequentemente associada ao que se convencionou chamar de “psicopatia juvenil”.

A identificação desses traços não deve, no entanto, ser confundida com um rótulo imutável. O diagnóstico de psicopatia em crianças é controverso e não é formalizado, e rotular uma criança pode ser prejudicial, levando ao estigma e ao preconceito.

O valor clínico do conceito reside em identificar um subgrupo que tende a exibir comportamentos mais graves, frequentes e menos sensíveis a punições ou sanções, o que exige abordagens de tratamento diferenciadas. Essa distinção serve como um guia para um prognóstico mais reservado e a necessidade de uma intervenção intensiva e precoce. 


Transtornos de Conduta e Comportamentos Antissociais

Transtorno de Conduta (TC)

O Transtorno de Conduta (TC) é a principal classificação diagnóstica para comportamentos antissociais persistentes na infância e adolescência. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o TC é caracterizado por um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros ou normas ou regras sociais importantes e apropriadas para a idade. A prevalência do TC é estimada em cerca de 10% da população infantil, sendo mais comum em meninos do que em meninas. O início do transtorno geralmente ocorre no final da infância ou no início da adolescência.

Os critérios diagnósticos do DSM-5 para o Transtorno de Conduta incluem a presença de pelo menos três dos seguintes comportamentos nos últimos 12 meses, com pelo menos um comportamento presente nos últimos 6 meses:

  • Agressão a pessoas e animais: Frequentemente intimida, ameaça ou provoca outros; inicia lutas corporais; usou uma arma que pode causar sérios danos físicos a outros; foi fisicamente cruel com pessoas; foi fisicamente cruel com animais; roubou enquanto confrontava uma vítima; forçou alguém a uma atividade sexual.
  • Destruição de propriedade: Envolveu-se deliberadamente em incêndios com a intenção de causar sérios danos; destruiu deliberadamente a propriedade de outras pessoas.
  • Falsidade ou furto: Arrombou a casa, o prédio ou o carro de outra pessoa; mente com frequência para obter bens ou favores ou para evitar obrigações; roubou itens de valor sem confrontar a vítima.
  • Violação grave de regras: Frequentemente fica fora de casa à noite, apesar da proibição dos pais, começando antes dos 13 anos; fugiu de casa durante a noite pelo menos duas vezes enquanto morava na casa dos pais ou em um lar adotivo; frequentemente falta à escola, começando antes dos 13 anos.

O DSM-5 também inclui um especificador para o Transtorno de Conduta: “com emoções pró-sociais limitadas”. Este especificador é aplicado a crianças que exibem duas ou mais das seguintes características de forma persistente ao longo de pelo menos 12 meses e em múltiplos relacionamentos e contextos:

  • Falta de remorso ou culpa: Não se sente mal ou culpado quando faz algo errado.
  • Insensibilidade ou falta de empatia: Desconsidera e não se importa com os sentimentos dos outros.
  • Despreocupação com o desempenho: Não se preocupa com o desempenho em atividades importantes, como a escola.
  • Afeto superficial ou deficiente: Não expressa sentimentos ou mostra emoções aos outros, exceto de uma forma que parece superficial ou insincera.

Transtorno de Oposição Desafiante (TOD)

O Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) é outra classificação importante, caracterizada por um padrão de humor raivoso/irritável, comportamento questionador/desafiador ou índole vingativa. O TOD é considerado menos grave que o TC, mas pode ser um precursor do mesmo. A prevalência do TOD é de aproximadamente 3,3%, sendo também mais comum em meninos.

Os comportamentos associados ao TOD incluem:

  • Humor raivoso/irritável: Frequentemente perde a calma; é frequentemente sensível ou facilmente incomodado; é frequentemente raivoso e ressentido.
  • Comportamento questionador/desafiador: Frequentemente discute com figuras de autoridade; frequentemente desafia ou se recusa ativamente a cumprir pedidos ou regras de figuras de autoridade; frequentemente incomoda deliberadamente os outros; frequentemente culpa os outros por seus erros ou mau comportamento.
  • Índole vingativa: Foi rancoroso ou vingativo pelo menos duas vezes nos últimos 6 meses.

Outros Transtornos Relacionados

  • Transtorno Explosivo Intermitente (TEI): Caracterizado por explosões de raiva e agressividade desproporcionais à provocação, com início rápido e de curta duração. A prevalência é de 2 a 3% da população, com maior ocorrência em homens.
  • Cleptomania: Um transtorno raro (0,3 a 0,6% da população), mais frequente em mulheres, caracterizado por falhas recorrentes em resistir ao impulso de roubar objetos que não são necessários para uso pessoal ou por seu valor monetário.

LEIA TAMBÉM:
Anjos Cruéis: A crueldade infantil
Winnicott: Privação e Delinquência
Violência entre crianças e adolescentes


Casos históricos e reais de crianças perversas

A análise de casos reais é fundamental para compreender a complexidade e a gravidade dos comportamentos antissociais na infância. A seguir, são apresentados alguns casos emblemáticos, tanto internacionais quanto nacionais, que ilustram os diferentes perfis e trajetórias de crianças com Transtorno de Conduta.

Mary Bell (Inglaterra, 1968)

Aos 11 anos, Mary Bell estrangulou dois meninos de 3 e 4 anos. O caso chocou o mundo pela frieza e crueldade da menina, que mutilou um dos corpos e deixou uma nota zombando da polícia. Mary Bell foi diagnosticada com psicopatia e condenada à prisão perpétua, sendo liberada em 1980 com uma nova identidade.

Jesse Pomeroy (EUA, 1870)

Apelidado de “o menino demônio de Boston”, começou aos 12 anos torturando crianças menores. Tornou-se um dos mais jovens serial killers conhecidos, mostrando desde cedo sadismo intenso.

Jon Venables e Robert Thompson (Inglaterra, 1993)

Dois meninos de 10 anos sequestraram, torturaram e assassinaram James Bulger, de 2 anos. O crime foi capturado por câmeras de segurança e revelou a brutalidade de que crianças são capazes. Ambos foram condenados e liberados em 2001, também com novas identidades.

Eric Smith (EUA, 1993):

Aos 13 anos, Eric Smith, vítima de bullying, assassinou um menino de 4 anos. O crime envolveu estrangulamento, agressão com pedras e violência sexual. Eric foi diagnosticado com Transtorno Explosivo Intermitente e condenado à prisão.

Caso Raíssa (Brasil, 2019)

Um menino de 12 anos confessou ter matado sua amiga Raíssa, de 9 anos. O caso, que ainda está sob investigação, chocou o país pela idade do suspeito e pela brutalidade do crime. Especialistas apontam a raridade de casos de violência extrema cometidos por crianças tão novas.


Fatores que influenciam a perversidade infantil – biopsicossocial

A ideia de que uma criança é “má” por natureza é refutada pela ciência, que aponta para um complexo entrelaçamento de fatores que contribuem para o desenvolvimento de transtornos de comportamento. A etimologia desses transtornos é ampla e envolve varios fatores como a interação de fatores genéticos, biológicos e ambientais.

A Complexa Interação entre Diátese e Estresse

O modelo de diátese-estresse oferece uma estrutura conceitual poderosa para entender a origem dos transtornos de conduta. Ele postula que a predisposição biológica (diátese) de um indivíduo interage com fatores ambientais estressantes para determinar o desenvolvimento de um transtorno.

A vulnerabilidade genética, por si só, não causa o transtorno, mas torna o indivíduo mais suscetível. Fatores de estresse, como experiências de vida negativas ou traumáticas, atuam como catalisadores. O transtorno se manifesta quando a combinação da diátese e do estresse ultrapassa um limite individual. Essa perspectiva vai além de culpar a genética ou o ambiente isoladamente, oferecendo uma visão integrada e mais completa da patologia.  

  • Fatores de Diátese (Predisposição): 
    • Genéticos e Hereditários: Existe um componente genético significativo no Transtorno de Conduta. Crianças com o transtorno frequentemente têm pais com outros transtornos psiquiátricos, como transtorno por uso de substâncias, TDAH, transtorno do humor, esquizofrenia ou Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS). Estudos mostram que o comportamento antissocial pode ser herdado geneticamente, influenciando o controle emocional e o desenvolvimento de comportamentos pró-sociais.

    • Biológicos e Neuroquímicos: Fatores como um temperamento difícil, impulsividade e baixa inteligência verbal são considerados riscos biológicos. Anormalidades neuroquímicas e déficits no processamento de informações sociais também estão associados. A falha na relação entre áreas cerebrais como o córtex pré-frontal, o sistema límbico e a amígdala pode prejudicar o desenvolvimento de comportamentos pró-sociais, demonstrando a base neurobiológica desses quadros.

  • Fatores de Estresse (Ambientais e Psicossociais): 
    • Ambiente Familiar: Um ambiente familiar disfuncional é um dos maiores fatores de risco. Isso inclui a falta de cuidados maternos e paternos adequados , a discórdia conjugal , a supervisão parental deficiente, e a adoção de uma disciplina severa ou errática. A presença de transtornos psiquiátricos nos pais, como a psicopatologia materna, também eleva o risco.  
    • Abuso e Negligência: O abuso e a negligência infantil, seja física, emocional ou sexual, são fatores de risco ambientais proeminentes. Experiências traumáticas precoces podem alterar a expressão de genes relacionados ao manejo do estresse, impactando diretamente o desenvolvimento da personalidade. O descaso com a dor alheia na primeira infância, por exemplo, está ligado ao comportamento antissocial posterior.

    • Contexto Social: Além do núcleo familiar, fatores como a pobreza, influências de colegas desviantes e a exposição a ambientes violentos também contribuem para o risco.
  1. Biológicos

  • Alterações em áreas do cérebro ligadas à empatia (amígdala, córtex pré-frontal).

  • Predisposição genética para impulsividade e ausência de medo.

  1. Psicológicos

  • Carência de vínculos afetivos nos primeiros anos.

  • Dificuldade em desenvolver apego seguro.

  1. Sociais

  • Exposição precoce à violência doméstica.

  • Ambientes familiares desestruturados.

  • Abuso físico, psicológico ou sexual.


Intervenção e tratamento

O diagnóstico precoce é essencial. A psicoterapia pode:

  • Desenvolver empatia por meio de exercícios de identificação emocional.

  • Criar limites firmes e consistentes.

  • Trabalhar a ressignificação de traumas familiares.
    Em casos graves, pode ser necessária intervenção psiquiátrica para controle da impulsividade.


As chamadas “crianças perversas” desafiam nossa visão idealizada da infância. Seus comportamentos extremos não são meras “travessuras”, mas sinais de transtornos profundos de personalidade em formação.

A compreensão desses fatores é fundamental para a desmistificação do tema e para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e tratamento. A identificação precoce de sinais de alerta, como crueldade com animais, agressividade persistente e falta de empatia, é crucial para que a criança e sua família recebam o suporte necessário.

O tratamento do Transtorno de Conduta é desafiador e requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo terapia individual e familiar, intervenções escolares e, em alguns casos, tratamento medicamentoso. O objetivo não é apenas controlar os comportamentos problemáticos, mas também promover o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e de resolução de problemas.

É imperativo que a sociedade como um todo, incluindo pais, educadores, profissionais de saúde e o sistema de justiça, adote uma postura mais informada e compassiva em relação a essas crianças. A estigmatização e a punição, por si sós, não são eficazes e podem agravar o problema. Em vez disso, é preciso investir em políticas públicas e programas que promovam a saúde mental infantil, o apoio às famílias e a criação de ambientes seguros e saudáveis para o desenvolvimento de todas as crianças.

Compreender seus perfis, estudar casos reais e aplicar intervenções precoces é a única forma de evitar que esses pequenos se tornem adultos violentos e criminosos.

Referências

TAGS

crianças perversas, perfil psicológico de crianças perversas, crianças más exemplos, casos de crianças perversas, psicopatia infantil, crueldade infantil, crianças sem empatia, Mary Bell, Jesse Pomeroy, James Bulger, psicologia infantil, psiquiatria infantil

https://www.instagram.com/perfilcriminal_psico/
Me siga no Instagram https://www.instagram.com/camilaabdo_/
Me siga no Instagram
https://www.instagram.com/camilaabdo_/

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo