Serial Killers

Miyuki Ishikawa: De Parteira a Serial Killer

Miyuki Ishikawa foi responsável pela morte de dezenas de recém-nascidos sob sua supervisão

Miyuki Ishikawa é uma figura que choca tanto pelo horror de seus atos quanto pela frieza com que os executou. Atuando como parteira no Japão do pós-guerra, Ishikawa foi responsável pela morte de dezenas de recém-nascidos sob sua supervisão, justificando seus atos como uma forma de aliviar famílias pobres de uma carga financeira. Suas ações, que resultaram na morte de pelo menos 103 bebês, colocam em discussão questões profundas sobre moralidade, desumanização e o impacto psicológico e neurológico do poder.

Neste artigo, exploramos o caso de Miyuki Ishikawa através das lentes da neurociência, psicanálise, psiquiatria e psicologia, buscando entender as forças internas e externas que moldaram uma das serial killers mais controversas da história japonesa.

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O Caso Miyuki Ishikawa: Uma Cronologia de Atrocidades

Nascida em 1897, Miyuki Ishikawa trabalhou como parteira em uma clínica em Tóquio durante os anos 1940. Nesse período, o Japão enfrentava uma grave crise econômica causada pela Segunda Guerra Mundial, o que levou muitas famílias a viver em extrema pobreza.

Os Crimes

Ishikawa começou a negligenciar os recém-nascidos que estavam sob seus cuidados, resultando em suas mortes por inanição ou falta de cuidados médicos. Ela justificava seus atos argumentando que as famílias não tinham condições financeiras para cuidar de seus filhos, vendo suas ações como uma “solução prática”.

Juntamente com seu marido, Takeshi Ishikawa, e um médico cúmplice, ela falsificava certidões de óbito para encobrir as mortes. O caso veio à tona em 1948, quando dois policiais encontraram os corpos de vários bebês abandonados.

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O Julgamento

Miyuki Ishikawa foi condenada a uma pena surpreendentemente leve de apenas 8 anos de prisão, posteriormente reduzida para 4 anos. A justificativa do tribunal foi que muitos pais eram “cúmplices” ao abandonar seus filhos sob seus cuidados, criando um precedente controverso.


Psicologia e Psicanálise: Desumanização e o Papel do Poder

A transformação de Miyuki Ishikawa de uma profissional de saúde em uma serial killer levanta questões sobre os impactos psicológicos do ambiente, poder e desumanização.

1. A Desumanização do Outro

A desumanização é um processo psicológico no qual o indivíduo deixa de ver os outros como seres humanos plenos, reduzindo-os a objetos ou números. No caso de Ishikawa, os bebês podem ter sido vistos como “problemas” a serem eliminados, em vez de vidas humanas.

  • Psicanálise: Segundo Freud, a repressão de emoções humanas básicas, como a empatia, pode levar a uma “anestesia emocional”. Ishikawa pode ter internalizado sua racionalização para evitar conflitos internos e justificar suas ações.
  • Psicologia Social: A teoria da desumanização explica que a repetição de atos cruéis pode criar uma dessensibilização progressiva, tornando mais fácil repetir o comportamento.

2. Justificativas Morais

Ishikawa acreditava que suas ações eram justificadas por um “bem maior”, aliviando famílias da pobreza. Essa racionalização é típica de serial killers que agem por crenças ideológicas.

  • Exemplo clínico: Essa justificativa moral é semelhante à de outros criminosos que veem suas ações como uma forma de “justiça”.

3. Controle e Poder

Como parteira, Ishikawa estava em uma posição de poder sobre as vidas dos bebês e a confiança das famílias. A psicologia sugere que o poder pode corromper ao gerar um senso de invulnerabilidade e superioridade.

  • Curiosidade: Estudos mostram que pessoas em posições de poder podem desenvolver menor empatia e maior inclinação para tomar decisões desumanizadoras.


A Neurociência do Comportamento de Miyuki Ishikawa

A neurociência oferece uma visão biológica sobre os fatores que podem ter contribuído para o comportamento de Ishikawa, explorando anomalias no funcionamento cerebral e os impactos de seu ambiente.

1. Sistema Límbico e Empatia

O sistema límbico, que inclui a amígdala e o córtex pré-frontal, regula emoções como empatia e culpa. Disfunções nessa área podem levar à ausência de resposta emocional diante do sofrimento alheio.

  • Possibilidade: Se Ishikawa apresentasse uma amígdala hipoativa, isso poderia explicar sua falta de empatia pelas vítimas.

2. Plasticidade Neuronal e Dessensibilização

A repetição de comportamentos cruéis pode alterar as redes neurais associadas à empatia e ao julgamento moral, um fenômeno conhecido como “plasticidade neuronal adaptativa”. Ao cometer repetidamente os mesmos atos, Ishikawa pode ter “treinado” seu cérebro a ignorar o impacto emocional de suas ações.

3. Impacto do Ambiente

O Japão do pós-guerra era um cenário de estresse extremo, com fome, pobreza e instabilidade social. O estresse crônico pode alterar a função do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), prejudicando a regulação emocional e a tomada de decisões.

  • Evidência científica: Níveis elevados de cortisol associados ao estresse crônico podem diminuir a capacidade do cérebro de processar emoções complexas, favorecendo decisões moralmente questionáveis.

Diagnósticos Psiquiátricos Potenciais

Embora Miyuki Ishikawa nunca tenha sido submetida a avaliações psiquiátricas formais, seu comportamento pode ser interpretado através de diagnósticos psiquiátricos comuns em casos de serial killers.

1. Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS)

Ishikawa exibia características clássicas desse transtorno, como manipulação, ausência de remorso e comportamento predatório.

  • Causa provável: O TPAS pode ser causado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais, incluindo traumas na infância ou exposição a violência.

2. Transtorno Narcisista de Personalidade

Sua crença de que tinha o direito de decidir quem deveria viver ou morrer sugere traços de narcisismo patológico.

3. Anestesia Moral

Embora não seja um diagnóstico formal, o termo é usado para descrever pessoas que se tornam insensíveis a questões éticas, justificando atos cruéis por meio de racionalizações práticas.


O Debate Ético e as Consequências Sociais

O caso de Miyuki Ishikawa levantou questões éticas profundas sobre pobreza, negligência e responsabilidade. A sentença relativamente branda que recebeu gerou críticas sobre como o sistema judicial lidou com sua posição de poder e as condições sociais que contribuíram para seus crimes.

1. Responsabilidade Individual vs. Social

O argumento de Ishikawa de que os pais eram responsáveis por entregar os bebês à sua supervisão gerou um debate sobre a culpabilidade compartilhada.

2. Reflexão na Saúde Pública

O caso expôs falhas no sistema de saúde pública do Japão pós-guerra, incluindo a falta de suporte para famílias em situação de vulnerabilidade.


O Enigma de Miyuki Ishikawa

Miyuki Ishikawa não foi apenas uma serial killer; ela foi o produto de um período turbulento, onde pobreza extrema e negligência estatal criaram um terreno fértil para a desumanização. Sob a ótica da neurociência, psicanálise, psiquiatriae psicologia, seus crimes revelam os complexos efeitos do poder, estresse e dessensibilização no comportamento humano.

Embora seja fácil classificá-la como um “monstro”, casos como o de Ishikawa nos desafiam a olhar mais profundamente para os fatores psicológicos, sociais e neurológicos que moldam as ações humanas. Apenas entendendo essas dinâmicas podemos evitar que tragédias semelhantes se repitam.

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