28- Perfil de Ação Criminal
Perfil de Ação Criminal - Entenda o método CAP: variáveis comportamentais, modelagem estatística e previsões operacionais que tornam o perfilamento criminal mais replicável

Perfil de Ação Criminal – Criado pelo psicólogo forense australiano Richard Kocsis (frequentemente grafado “Kocsis” na literatura), o Perfil de Ação Criminal (CAP – Criminal Action Profiling) é uma abordagem recente do perfilamento criminal que aposta em uma leitura sistemática do comportamento observado no caso — e em ferramentas estatísticas — para prever atributos do ofensor.
Diferente de linhas mais clássicas, como o modelo do FBI, o CAP busca reduzir a subjetividade, transformar padrões em variáveis mensuráveis e produzir inferências que podem ser replicadas entre casos.
O Que é o Perfil de Ação Criminal
e Onde Ele Se Apoia
O CAP é um processo de investigação que analisa, prevê e constrói hipóteses sobre o autor a partir de comportamentos evidenciados no crime. O foco está no que o ofensor fez, no como fez e na forma como a vítima e a cena responderam — independentemente das motivações íntimas.
Essa escolha metodológica tem um motivo pragmático: motivo é campo móvel, difícil de provar cedo; conduta observável é o que existe de forma verificável logo nas primeiras 48–72 horas.
Base teórica
- Psicologia da personalidade (traços e estilos que se expressam em rotina, controle, improvisação).
- Psicopatologia (características clínicas que podem modular organização, risco, ritualização, agressividade).
- Criminalística (vestígios, padrões de sangue, dinâmica de impacto, rastros digitais).
- Estatística aplicada (clusterização, correlações, escalas multidimensionais).
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O Diferencial do Perfil de Ação Criminal
Ao isolar o comportamento das hipóteses de motivação, o CAP evita atalhos interpretativos. Em vez de “ele fez X porque sentiu Y”, a pergunta central é: “Dada a constelação de atos observados, o que isso costuma significar quando comparado a uma base de referência?”
Esse arranjo não exclui análises motivacionais; apenas altera a ordem: primeiro você ancora a leitura em variáveis estáveis, depois avança para significados.
Como o CAP Funciona
1) Extração de variáveis comportamentais
A equipe levanta indicadores observáveis, por exemplo:
- Planejamento (itens trazidos, encobrimento, desativação de DVR, luvas).
- Escolha de alvo (características comuns entre vítimas, vulnerabilidades exploradas).
- Controle (amarras, ameaças verbais, arma exibida ou usada).
- Escalada (aumento de violência após resistência, mudança de objeto durante o ato).
- Risco (ato em área aberta, horário movimentado, câmeras ignoradas).
- Pós-evento (banho da vítima, limpeza, reposicionamento de corpo/objetos, souvenires).
Cada variável recebe codificação objetiva (presente/ausente, escala de intensidade, duração, localização).
2) Modelagem e comparação
As variáveis alimentam uma escala multidimensional. Técnicas como análise de clusters e correlações aproximam o caso de perfis de referência (conjuntos de casos com solução conhecida). A proposta não é “encaixar” à força, mas medir semelhança e estimar probabilidades.
3) Predição operacional
O CAP converte combinações de comportamento em hipóteses sobre o ofensor, por exemplo:
- Faixa etária provável e experiência prévia em crime semelhante.
- Grau de organização situacional (rotina, cuidado com rastro, capacidade de adaptação).
- Conforto territorial (atua onde mora/trabalha/estuda ou se desloca como “commuter”).
- Possíveis vínculos com a vítima (acesso sem arrombamento, circulação fluida).
- Risco de repetição e janela temporal para novo evento.
Essas saídas priorizam diligências: onde buscar câmeras, que círculos sociais sondar, quais bases cruzar primeiro.
Semelhanças e Diferenças Com Outras Escolas
CAP x modelo do FBI (tipologias organizado/desorganizado)
- FBI: leitura qualitativa rápida, útil para orientar times quando há pressa e poucos dados.
- CAP: leitura quantitativa/estruturada, que pede codificação e possibilita repetição por equipes diferentes.
CAP x Psicologia Investigativa (nomotética/indutiva)
- Psicologia Investigativa: usa padrões amplos para sugerir linhas de busca (ex.: “conhecido da vítima”).
- CAP: ancora em variáveis observadas, compara com modelos estatísticos e entrega probabilidades replicáveis.
CAP x Análise de Evidências Comportamentais (AEC, ideográfica/dedutiva)
- AEC: reconstrói o caso peça por peça, evita generalizações; altíssimo foco no singular.
- CAP: mantém a reconstrução, mas adiciona estrutura estatística para generalizar com cautela.
Integração é o melhor caminho: padrões para abrir (Psicologia Investigativa), vestígios para conter (AEC), e CAP para quantificar/replicar decisões no meio do caminho.
Exemplo Didático
(Assalto que evoluiu para latrocínio)
Vestígios observados: entrada sem arrombamento (comando via porta de serviço), DVR removido, gavetas do quarto e do escritório reviradas, amarras na sala, marcas de luta no corredor, vítima com trauma craniano contundente, ausência de disparo.
Variáveis CAP: planejamento alto (desativação/remoção de DVR), controle moderado (amarras, arma não usada), escalada situacional alta (luta), foco material (busca seletiva).
Predição: ofensor/dupla familiarizado com a rotina, provável contato indireto com a vítima (terceiro de confiança/serviço), experiência prévia em subtrações com controle não letal; morte como consequência não planejada. Diligências: mapear prestadores terceirizados, ex-funcionários, contatos recentes com acesso à porta de serviço; cruzar celulares vizinhos ao horário.
Benefícios Práticos do CAP
- Rastreabilidade: decisões ligadas a variáveis e matrizes documentadas.
- Replicabilidade: duas equipes, com os mesmos dados, tendem a chegar a saídas comparáveis.
- Priorização de recursos: transforma comportamento em mapa de busca.
- Compatibilidade: conversa bem com geoprofile, criminalística, OSINT e perícia digital.
Limites Honestos
- Dependência de dados: sem codificação consistente (fotos técnicas, laudos, cronologia), o CAP perde força.
- Curadoria de base: modelos estatísticos ruins geram falsas certezas.
- Risco de “numerolatria”: número não substitui juízo pericial; é apoio, não oráculo.
- Novidade metodológica: literatura ainda em crescimento; validação contínua é necessária.
CAP em Oito Movimentos
- Defina a pergunta operacional (o que precisa ser previsto: vínculo? território? repetição?).
- Colete e limpe dados (cronologia, mapas, fotos com escala, laudos, vídeos, telemetria).
- Codifique variáveis comportamentais em planilha (com dicionário de campos).
- Aplique a matriz CAP de referência (clusters, correlações).
- Gere hipóteses com intervalo de confiança (alto, moderado, baixo).
- Planeje diligências alinhadas às hipóteses com maior suporte.
- Volte ao modelo quando chegar nova evidência (CAP é iterativo).
- Relate com linguagem simples, gráficos e apêndice técnico (para auditoria).
Ética e Qualidade
- Cadeia de custódia e transparência de fonte.
- Neutralidade: evitar estigmas de classe/raça/gênero como “variáveis escondidas”.
- Comunicação clara: diferença explícita entre fato observado e inferência.
- Registro de incerteza: dizer “não sabemos ainda” mantém a equipe no eixo.
Curiosidades
O CAP “descobre” o culpado?
Não. Ele prioriza caminhos com base em condutas observáveis e probabilidades. A autoria exige prova.
Dá para usar CAP sem fotos técnico-científicas?
Dá, mas perde potência. O método vive de codificação. Quanto melhor o registro, melhor a predição.
Posso combinar CAP com leitura motivacional?
Sim, desde que não contamine a codificação. Motivo entra depois, com parcimônia e corroboração.
Funciona em crimes sexuais?
Sim, desde que a codificação respeite variáveis próprias (escolha de vítima, controle, linguagem, pós-ofensa) e protocolos de não revitimização.
Método Novo, Utilidade Concreta
O Perfil de Ação Criminal leva o profiling a um terreno mais mensurável, sem perder a sensibilidade clínica para o comportamento. Seu valor está na disciplina: transformar o que a cena mostra em variáveis, comparar com bases sólidas e gerar previsões que economizam tempo e reduzem erro. Não substitui outras escolas; somado a elas, melhora a investigação.
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