7- Psicologia Criminal: Entre a Ciência, o Crime e os Perfis que Desafiam a Sociedade
Psicologia Criminal: Durante muito tempo, a psicologia criminal foi vista no Brasil como uma área inexistente, algo restrito a filmes e séries policiais norte-americanas.

Psicologia Criminal – Durante muito tempo, a psicologia criminal foi vista no Brasil como uma área inexistente, algo restrito a filmes e séries policiais norte-americanas. Professores e até profissionais renomados costumavam afirmar que não havia espaço para esse campo no país, limitando a atuação da psicologia ao ambiente forense tradicional, como varas de família ou infância.
Mas essa percepção começou a mudar. Hoje, sabe-se que a psicologia criminal não só existe como também enfrenta uma carência de especialistas. Em um país marcado por altos índices de violência, compreender a mente criminosa deixou de ser curiosidade acadêmica para se tornar necessidade social.
Esse campo se dedica a investigar os aspectos psicológicos presentes na mente do criminoso e no ato delituoso, como bem explica Alvino de Sá, um dos principais nomes brasileiros da área. Para ele, a psicologia criminal busca compreender não apenas o indivíduo, mas também como se origina e se processa a ação criminosa. Em outras palavras, estuda-se a mente, os desejos, os pensamentos e as motivações do infrator, mas também o modo como esse universo interno se transforma em ato concreto.
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O que é Psicologia Criminal?
Contrariando o ceticismo de alguns, a Psicologia Criminal é uma disciplina robusta e com um objeto de estudo bem definido. Segundo um dos maiores expoentes da área no Brasil, o saudoso professor Alvino de Sá, a Psicologia Criminal “estuda os aspectos psicológicos do criminoso e o modo pelo qual nele se origina e se processa a ação criminosa”.
A psicologia criminal é um ramo interdisciplinar que combina conceitos da psicologia, criminologia e ciências jurídicas. Ela se dedica a estudar a mente criminosa, suas motivações, sua história de vida e os fatores que influenciam seu comportamento. Não se trata de justificar o crime, mas de entender seus mecanismos psicológicos para auxiliar investigações, propor medidas de prevenção e colaborar com a justiça.
A área se aproxima do conceito de uma ciência biopsicossocial: o crime não pode ser explicado apenas por fatores biológicos, nem apenas por contextos sociais. Ao contrário, ele resulta de uma teia complexa onde aspectos psicológicos, históricos, sociais e até neurológicos se entrelaçam. A psicologia criminal, portanto, atua nesse campo multifatorial, buscando identificar padrões e singularidades.
Para isso, o psicólogo criminal lança mão de conhecimentos de diversas áreas, como a psicologia clínica, social e do desenvolvimento, para analisar a fundo a história de vida do sujeito, seus traços de personalidade, a presença de possíveis transtornos mentais e o contexto em que ele está inserido.
Psicologia Criminal – Fatores que Influenciam o Comportamento Criminoso
Nunca se fala em “causa” única para o crime, mas em fatores influenciadores. Hoje, a abordagem mais aceita é a biopsicossocial, que enxerga o crime como um fenômeno multidimensional. Isso significa que a conduta criminosa é influenciada por uma complexa interação de fatores.
O comportamento criminoso pode nascer da interação entre diversos elementos:
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Aspectos psicológicos: transtornos de personalidade, psicopatologias, traumas de infância.
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Aspectos sociais: exclusão, pobreza, falta de acesso à educação e redes de apoio.
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Aspectos culturais: valores de grupos extremistas, crenças familiares ou comunitárias.
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Aspectos biológicos: estudos em neurociência apontam diferenças em regiões cerebrais ligadas ao controle de impulsos e empatia.
Essa perspectiva é crucial, pois reconhece que não existe uma “receita” para a criminalidade. Em alguns crimes, os fatores psicológicos podem ter um peso maior, enquanto em outros, as influências sociais ou biológicas podem ser mais proeminentes. A tarefa do psicólogo criminal é, portanto, analisar como esses diferentes fatores se entrelaçam na história de cada indivíduo.
Esse olhar não é determinista, mas possibilita compreender por que indivíduos expostos a contextos semelhantes podem trilhar caminhos diferentes: um se torna assaltante, outro homicida, outro estelionatário.
LEIA MAIS:
Análise Investigativa Criminal – FBI e o Criminal Profiling
Perfil Criminal de Ted Bundy
Assinatura Criminal
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Anatomia do crime – vestígios
Perfilamento Criminal (Criminal Profiling)
Talvez a área mais famosa, o perfilamento criminal é a técnica utilizada para identificar as características de personalidade, comportamentais e demográficas de um criminoso desconhecido, com base na análise da cena do crime.
Ao estudar o modus operandi (como o crime foi cometido) e a “assinatura” (os comportamentos que não são necessários para o crime, mas que satisfazem necessidades psicológicas do agressor), o psicólogo pode ajudar a polícia a focar a investigação, reduzir a lista de suspeitos e desenvolver estratégias de captura.
Avaliação Psicológica e Perícia
Psicólogos criminais são frequentemente chamados para realizar avaliações em indivíduos que já estão no sistema de justiça. Isso pode incluir:
Avaliação de sanidade mental: Determinar se o réu tinha capacidade de entender o caráter ilícito de seu ato no momento do crime.
Análise de periculosidade: Avaliar o risco de um indivíduo voltar a cometer crimes (reincidência).
Exame criminológico: Uma avaliação aprofundada para subsidiar decisões judiciais, como a progressão de regime prisional.
Psicologia Investigativa
Nesta área, o psicólogo atua como um consultor para as forças policiais, aplicando princípios psicológicos para auxiliar na investigação. Isso pode envolver a análise de depoimentos (para avaliar a credibilidade), a elaboração de estratégias de interrogatório e a compreensão da dinâmica psicológica entre criminoso e vítima.
Vitimologia Forense
Um erro comum é pensar que a Psicologia Criminal foca apenas no agressor. Na verdade, o estudo da vítima é fundamental. A Vitimologia analisa o papel e as características da vítima, sua relação com o criminoso e o impacto do crime sobre ela.
Muitas vezes, o perfil da vítima fornece pistas cruciais para se chegar ao perfil do criminoso. Entender por que aquela pessoa específica foi escolhida pode revelar muito sobre as motivações, fantasias e o modo de vida do agressor.
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Reabilitação e Prevenção
O trabalho não termina com a condenação. No sistema prisional, o psicólogo atua na elaboração e aplicação de programas de reabilitação, que visam tratar questões como controle da raiva, dependência química e distorções de pensamento, com o objetivo de promover a ressocialização e reduzir a reincidência. Além disso, a pesquisa em psicologia criminal fornece dados essenciais para a criação de políticas públicas de prevenção ao crime.
Pesquisa e Ensino
Como em qualquer campo científico, a pesquisa e o ensino são pilares da Psicologia Criminal. É por meio de estudos rigorosos que novas teorias são desenvolvidas, técnicas são aprimoradas e o conhecimento sobre o fenômeno criminal avança.
A Galeria de Perfis: Tipificando o Comportamento Criminoso
A Psicologia Criminal contribuiu significativamente para a elaboração de diferentes perfis criminais, que ajudam a categorizar os agressores com base em seus comportamentos e motivações. É importante notar que essas são tipologias, e a realidade pode ser muito mais complexa.
Stalkers (Perseguidores): Indivíduos que desenvolvem uma obsessão por outra pessoa, invadindo sua privacidade de forma insistente e amedrontadora. Suas motivações podem variar desde um desejo de intimidade rejeitado até a busca por vingança.
Agressores Sexuais: Um grupo heterogêneo cujas motivações podem incluir a busca por poder, a expressão de raiva ou a satisfação de fantasias sádicas. É um mito pensar que todo agressor sexual em série também é um assassino.
Incendiários: O perfil de quem comete incêndios criminosos (piromaníacos) também varia conforme a motivação, que pode ir desde a busca por excitação e atenção até a tentativa de ocultar outro crime ou obter ganhos financeiros.
Os Assassinos Múltiplos: Desvendando as Diferenças
Popularmente, todo aquele que mata várias pessoas é chamado de “serial killer”, mas a criminologia estabelece distinções importantes baseadas no padrão dos crimes.
Mass Killer (Assassino em Massa): Mata quatro ou mais pessoas em um único local e em um único evento contínuo. Geralmente, o ato é motivado por um surto psicótico ou um sentimento profundo de retaliação, e o agressor costuma ser morto no local ou cometer suicídio.
Spree Killer (Assassino Relâmpago ou Compulsivo): Mata duas ou mais pessoas em locais diferentes, mas durante um único evento, sem um “período de resfriamento” psicológico entre os assassinatos. A matança é contínua, mesmo que em múltiplos cenários, e muitas vezes parece impulsiva e frenética.
Serial Killer (Assassino em Série): Este é o perfil mais estudado e complexo. O serial killer mata três ou mais pessoas em eventos separados, com um intervalo de tempo entre eles, conhecido como “período de resfriamento”.
Durante esse intervalo, ele retorna à sua vida aparentemente normal. Suas vítimas geralmente compartilham um perfil específico que alimenta suas fantasias, e os crimes são meticulosamente planejados. O Brasil, embora não tenha números comparáveis aos dos EUA, teve seus próprios casos notórios, como o “Maníaco do Parque” (Francisco de Assis Pereira) e “Pedrinho Matador” (Pedro Rodrigues Filho).
Serial Bomber (Bombardeiro em Série): Um perfil específico de serial killer que utiliza artefatos explosivos. O caso mais famoso é o de Ted Kaczynski, o “Unabomber”. Um gênio da matemática que se isolou da sociedade, Kaczynski enviou 16 bombas ao longo de 17 anos, matando 3 pessoas e ferindo 23, em uma cruzada contra o que ele via como os males da tecnologia. Seu perfil, traçado pelo FBI, o descrevia como um homem inteligente, com formação universitária e tendências antissociais, o que se provou correto.
Diferentes Caminhos para o Crime
Uma das questões centrais da psicologia criminal é: por que um sujeito se torna estuprador e outro assassino? Por que alguns roubam e matam, enquanto outros apenas cometem fraudes?.
Existem estupradores que jamais cometeram homicídio e assassinos que desprezam a ideia de violência sexual. Cada criminoso estabelece uma fronteira interna, ainda que distorcida, que determina até onde está disposto a ir. Essas fronteiras revelam muito sobre sua personalidade, desejos e história de vida.
O Papel do Psicólogo Criminal
A atuação do psicólogo criminal é multipla, indo muito além do que o imaginário popular, alimentado por filmes e séries, costuma retratar. O profissional não se limita a “entrar na mente do assassino” em uma sala de interrogatório. Seu trabalho é crucial em diversas etapas do sistema de justiça criminal.
O psicólogo criminal não se limita a avaliar se o criminoso possui transtorno mental. Sua função vai além:
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Investiga a história pessoal do infrator.
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Analisa seus desejos, pensamentos e motivações.
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Observa suas reações ao ato criminoso.
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Colabora com o perfilamento criminal.
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Atua em medidas preventivas e pós-venção.
É esse olhar amplo que diferencia a psicologia criminal de uma análise clínica tradicional. O foco não está em diagnosticar apenas, mas em compreender como o crime emerge da subjetividade do indivíduo.
A Vítima no Centro da Análise
A psicologia criminal também volta seu olhar para a vítima. Esse campo, chamado de vitimologia forense, investiga como o perfil da vítima pode ajudar a traçar o perfil do criminoso. Muitas vezes, entender a escolha da vítima é a chave para desvendar o crime.
Ao analisar vítimas, é possível identificar padrões: tipos de alvos, contextos de vulnerabilidade e até aspectos simbólicos. Essa análise permite entender melhor o que o crime representa para o criminoso e auxilia em estratégias de prevenção.
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A Importância da Pesquisa Internacional
A psicologia criminal brasileira ainda bebe muito da fonte internacional. O trabalho de John Douglas, ex-agente do FBI, foi pioneiro na sistematização do perfil criminal. Séries como Mindhunter e Manhunt: Unabomber ajudaram a popularizar esse universo, mas também levantaram questões reais sobre a complexidade da mente criminosa.
Desafios no Brasil
Apesar do crescimento do interesse, a psicologia criminal enfrenta desafios no Brasil:
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Falta de formação especializada: poucos cursos oferecem ênfase na área.
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Escassez de profissionais: a demanda supera a oferta.
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Preconceito acadêmico: ainda há quem deslegitime o campo.
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Pouca integração institucional: segurança pública, saúde mental e sistema judiciário ainda trabalham de forma fragmentada.
A psicologia criminal é um campo real, necessário e em expansão no Brasil. Estudar a mente criminosa é um passo fundamental não só para compreender o crime, mas para prevenir tragédias e criar políticas públicas eficazes. Em um país onde massacres, violência urbana e crimes em série se tornaram pauta constante, compreender os perfis psicocriminais deixou de ser curiosidade e passou a ser urgência.


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