Criminal

72 – Simulação E Dissimulação

Simulação e dissimulação no contexto forense: entenda conceitos, sinais emocionais, estratégias de entrevista, uso de testes e critérios para avaliar impacto real na capacidade de decisão, com foco em rigor técnico e ética

Simulação E Dissimulação – Em avaliações psicológicas e psiquiátricas realizadas no sistema de justiça, a pergunta que define rumos não é apenas se existe ou não um transtorno, mas qual é o impacto real desse quadro sobre a capacidade de compreender o caráter ilícito de um ato e de se autodeterminar. Em outras palavras, a perícia não se interessa somente pelo diagnóstico em si, e sim pela sua força para alterar decisão, julgamento e responsabilidade.

Nessa arena, simulação e dissimulação entram como variáveis decisivas. Pessoas podem exagerar sintomas, inventá-los, escondê-los ou minimizar dificuldades. O cenário forense oferece fortes incentivos para isso, sejam benefícios penais, substituição de pena por medida de segurança, acesso a vantagens financeiras ou isenções diversas.

Entender o que cada fenômeno significa, como aparece e por que se manifesta é requisito para qualquer profissional que atue com entrevistas, interrogatórios e exames de credibilidade.


A Regra De Ouro Da Perícia

Quando se debate responsabilidade, a pergunta de fundo é sobre capacidade funcional. A presença de um diagnóstico não implica, por si, incapacidade. A avaliação se volta para o quanto a alteração alegada compromete a compreensão das regras, a regulação das emoções, o controle de impulsos e a habilidade de escolher condutas.

Esse recorte muda o foco da caça a rótulos para a análise do efeito. Um quadro psiquiátrico pode existir sem esvaziar responsabilidade. De igual modo, uma alteração circunstancial, como intoxicação por substâncias, pode mudar de modo transitório o julgamento e exigir exame específico do momento do fato. Em qualquer das hipóteses, simulação e dissimulação podem mascarar a realidade e, por isso, precisam ser lidas com método, paciência e comparação de fontes.


Simulação E Dissimulação

Simulação é a produção intencional de sinais físicos ou psicológicos inexistentes, ou a ampliação deliberada de manifestações reais, motivada por incentivos externos. A definição reconhecida em manuais diagnósticos destaca ganhos como evitar punição, obter compensações, afastar-se de deveres ou melhorar a própria posição no processo.

Dissimulação, por sua vez, é o esconderijo. A pessoa tem dificuldades ou sintomas, mas procura minimizá-los, encobri-los ou negá-los, tentando parecer ilesa quando não está. Em perícias criminais, ambos os movimentos aparecem com frequência. Um réu pode dizer que escuta vozes quando não escuta, ou afirmar que está totalmente bem quando não está. Em situações cíveis e trabalhistas, a lógica também se aplica, com incentivos diferentes, mas com a mesma tentação de modelar o quadro para produzir determinado desfecho.


Por Que O Ambiente Forense
Aumenta A Probabilidade De Engano

Entrevistas e interrogatórios acontecem sob tensão, expectativa e conflito. Advogados instruem estratégias. Pessoas temem punições. Famílias pressionam. O próprio ambiente institucional produz ansiedade. Essa combinação favorece tanto a fabricação de sintomas quanto o esforço para escondê-los.

O perito entra nessa sala sabendo que o jogo de cena é possível e que sua tarefa não é desmascarar por intuição, mas organizar evidências clínicas, comportamentais e documentais de forma comparável e auditável. O método da prudência exige construir uma linha de base, estabelecer o estágio emocional, observar mudanças de padrão e checar consistência interna do relato.

Exige também articular a observação do corpo com a escuta da fala e o exame de registros externos, como prontuários, histórico escolar, boletins de ocorrência e informações de conviventes.


Imputabilidade, Medida De Segurança
E A Questão Do Nexo

O centro jurídico não pergunta somente se o sujeito “tem algo”, mas se esse algo afetava, no momento do fato, a capacidade de compreender a ilicitude e de agir conforme esse entendimento. Quando há comprometimento robusto e demonstrável, a resposta penal pode migrar de pena para medida de segurança, com internação ou tratamento ambulatorial até a cessação da periculosidade.

Essa arquitetura legal só faz sentido quando a avaliação clínica não se confunde com o desejo do avaliado, e sim com o conjunto de sinais e provas. Simulação e dissimulação, nesse quadro, aparecem como ruídos que podem desviar o exame do nexo entre quadro e ato. O trabalho pericial responsável filtra esses ruídos, descrevendo com clareza o que foi observado, quando, em que condições e com quais implicações funcionais.


O Repertório Mais Comum
De Estratégias Enganosas Em Sala De Entrevista

No cotidiano de perícias, um padrão se repete. A queixa de amnésia surge com frequência por parecer, ao leigo, fácil de sustentar. A afirmação de que “não se lembra” tenta encerrar perguntas. Em outros momentos, aparecem relatos de alucinações vagas, sem características consistentes com o que se descreve na literatura, ou uma profusão de sintomas que atravessam categorias clínicas sem respeitar sua lógica.

Há também o movimento inverso, em que a pessoa nega sintomas funcionais presentes para evitar estigma, tratamento ou medidas legais. Em ambas as pontas, o que resiste é a consistência quando o relato é pressionado por pedidos de detalhe, mudança de ordem narrativa, checagem de contexto e retorno inesperado a pontos sensíveis.


Da Simulação À Hipersimulação E À Ocultação

No campo prático, observa-se quem cria sintomas do nada, quem amplia problemas discretos até dimensões que chamam atenção e quem tenta parecer saudável quando não está. Há ainda situações em que traços factícios, pertencentes a transtornos específicos, se misturam com objetivos processuais. O perito não rotula de partida.

Ele descreve padrões, compara versões, observa flutuações e decide pela via das convergências. Uma queixa que só aparece diante do avaliador, mas some no convívio cotidiano, levanta dúvida. Um quadro que explode no dia do ato, mas nunca deixou rastro em escola, trabalho ou família, pede cautela. Já sinais que atravessam contextos, épocas e observadores diferentes tendem a pesar a favor de autenticidade.


Sinais Emocionais Como Janela
Para O Estado Interno

Mesmo quando há tentativa de controle, o corpo reage. Em entrevistas difíceis, é comum ver aumento de auto-toques, pequenos ajustes de postura, compressão de lábios, variações de olhar e lampejos faciais que escapam ao controle voluntário. Esses sinais não substituem testes, documentos e relatos, mas ajudam a localizar trechos de maior tensão e a orientar perguntas.

Em simulações, sentimentos como medo de ser pego, culpa pelo engano e ansiedade costumam aumentar a necessidade de autorregulação. Em dissimulações, o esforço para parecer estável pode produzir rigidez, respostas ensaiadas e inconsistências entre palavra e expressão. O observador atento registra tempos, intensidades e coincidências, sempre lembrando que o significado emerge do conjunto e do contexto, não do gesto isolado.


Linha De Base E Quebra De Padrão
Como Ferramentas De Trabalho

Comparar pessoas entre si é atalho para erro. A comparação útil é da pessoa consigo mesma ao longo da conversa. Antes de entrar em temas sensíveis, o avaliador estabelece como o sujeito se comporta quando fala de assuntos neutros. Observa cadência, ritmo, escolha de palavras, nível de contato ocular, uso espontâneo das mãos, estado de alerta e humor. Quando o tema se desloca para o centro do caso, alterações bruscas ou sutilmente persistentes ganham relevância.

Aquele que vinha expansivo encolhe. Quem estava lento acelera. O que parecia seguro fica evasivo. Essa mudança de eixo, quando coincide com pontos de maior risco jurídico, levanta a hipótese de esforço extra para sustentar a narrativa. A partir daí, o método não é acusar. É refinar perguntas, pedir exemplos, retomar datas, cruzar versões e convidar o próprio sujeito a explicar sua mudança.


Consistência, Plausibilidade
E Ajustes Em Tempo Real

Relatos autênticos toleram pausa, admitem dúvida e não temem corrigir lembranças quando confrontados com novas informações. Relatos fabricados tendem a privilegiar a aparência de coerência. A narrativa sempre fecha, ainda que mal encaixada com o que se sabe de fora. Quando testadas, versões artificiais se atrapalham em detalhes periféricos, escapam para generalidades ou exageram descrições dramáticas sem lastro.

Em simulações cognitivas, pessoas que alegam perdas extensas falham em tarefas triviais que até indivíduos com grande comprometimento costumam executar com acerto básico. Em dissimulações, indivíduos que dizem estar ótimos escorregam em testes que requerem regulação emocional, flexibilidade e planejamento, deixando um rastro de esforço oculto que contradiz o discurso.


Como Formular Perguntas
Que Testam O Relevo Da História

A entrevista qualificada não confronta agressivamente, mas organiza o espaço para que a própria narrativa se mostre. Ao ouvir um relato de alucinações, por exemplo, é produtivo pedir descrições concretas. O que se vê tem contorno definido ou é uma massa de cor. Fala ou não fala. Interage ou ignora. Aparece em que momentos do dia.

Como muda com estresse, medicação, luz, companhia. O mesmo vale para vozes. São conhecidas ou estranhas. Ordenam, comentam, insultam. Conversam entre si ou apenas emitem sons. Essas perguntas não se destinam a constranger, e sim a observar como o relato se sustenta. Simulações tendem a tropeçar no excesso de generalidade ou a perder coerência quando a cena exige detalhes específicos. Dissimulações tendem a recuar, oferecendo respostas mínimas que soam educadas, mas pouco informativas, mesmo quando a profundidade seria esperada.


O Lugar Dos Testes
Psicológicos E Neuropsicológicos

Instrumentos padronizados não substituem a clínica, mas ajudam a separar traços de estados e esforço genuíno de esforço insuficiente. Tarefas aparentemente complexas, porém projetadas para serem fáceis, funcionam como cercas de segurança. Quem apresenta déficit real costuma passar por essas etapas iniciais, falhando quando a exigência sobe.

Simuladores, por desconhecerem a lógica dos instrumentos, podem errar onde quase ninguém erra, revelando uma intenção de parecer mais comprometido do que está. O avaliador treina o olhar para reconhecer esse padrão, sem transformar teste em oráculo. A leitura responsável integra resultados instrumentais com observação, discurso e história de vida, além de checar a consistência do desempenho entre tarefas diferentes que dependem das mesmas funções.


Estratégias De Condução
Que Reduzem Vieses E Aumentam Qualidade

Uma apresentação clara do fluxo da entrevista acalma, organiza expectativas e reduz resistência. Explicar que haverá conversa e, se for o caso, instrumentos de avaliação, desloca o foco do jogo imediato para um percurso com etapas. Começar por temas gerais permite que a pessoa saia do estado defensivo e que a linha de base seja construída sem interferência de medo.

Adiar o assunto central por alguns minutos costuma reduzir respostas ensaiadas e mostrar como a conversa se comporta quando o centro se aproxima. Evitar perguntas diretas sobre memória e atenção diminui a tentação de oferecer respostas prontas. Em vez disso, solicita-se descrições de rotinas que exigem essas funções, permitindo observar o uso real, não a opinião do sujeito sobre seu desempenho.


Desconfirmação Como Guardiã
Contra Convicções Precoce

Um perigo constante em perícia é a fixação prematura. Uma vez formada uma hipótese, tudo parece confirmá-la. O antídoto é buscar, ativamente, elementos que a neguem. Se a impressão inicial é de simulação, pergunta-se o que falaria a favor de um quadro autêntico.

Se a impressão é de dissimulação, pergunta-se o que sustentaria a estabilidade real. A decisão se adia até que o conjunto tenha sido explorado com generosidade metodológica. Essa postura protege contra vieses e fortalece a robustez do laudo, tornando-o mais útil para o sistema de justiça, que precisa de descrições sólidas, não de certezas improvisadas.


Inconsistências Que Merecem Atenção Redobrada

Há discrepâncias que, quando se acumulam, convidam o avaliador a olhar de novo. Sofrimento declarado que não aparece em marcadores comportamentais básicos. Sintomas que surgem apenas diante de figuras de autoridade e desaparecem em contextos informais.

Desempenhos incompatíveis com biografias. Falas que prometem caos, mas convivem com organização cotidiana de alto nível. Testes que mostram limites em uma função, enquanto o discurso cotidiano a utiliza sem tropeços. Nenhum sinal per se fecha questão.

O peso está no conjunto, no timing das aparições, nas coincidências entre picos de tensão e mudanças de padrão. É essa cartografia fina que revela desenho de simulação, trilhas de dissimulação ou, não raro, quadros híbridos em que parte é autêntica e parte é encenada.


Como O Corpo Ajuda A Ler
O Que A Boca Esconde

O rosto e o corpo participam do exame, não como juízes, mas como fontes complementares. Uma pessoa que relata calma absoluta enquanto pressiona os lábios com força, evita o olhar nos momentos decisivos e mantém as mãos presas ao corpo pode estar tentando sustentar um autocontrole que a história desmente. Outra que declara sofrimento insuportável, mas permanece solta, curiosa e engajada ao longo de toda a conversa pode estar exagerando.

Novamente, o contexto manda. Há estilos expressivos e variações culturais. Por isso, a comparação com a linha de base do próprio sujeito é indispensável. O que vale não é o gesto em si, e sim sua emergência no lugar certo, na hora certa e junto de outros sinais que contam a mesma história.


A Diferença Entre Engano E Doença:
Por Que O Conhecimento Clínico Importa

Conhecer a apresentação típica de quadros clínicos evita que a perícia se torne refém de encenações. Em sintomas psicóticos verdadeiros, as características seguem certos contornos. Em transtornos de humor, a energia, o sono e a reatividade emocional obedecem a ritmos identificáveis. Em déficits cognitivos orgânicos, há coerência entre testes, história e observação.

Quando a pessoa descreve experiências que não conversam com essas lógicas, o avaliador ganha base para aprofundar perguntas, não para concluir de imediato. O mesmo vale para dissimulações. Gente que esconde sofrimento costuma deixar escapar traços no uso da linguagem, no cansaço ao falar de si, na irritabilidade diante de tarefas simples, no olhar que denuncia esforço. Sem repertório clínico, a leitura perde terreno e cede a atalhos.


O Papel Da Interdisciplinaridade
E O Limite De Cada Atuação

Perícia de qualidade se faz em rede. Psicologia, psiquiatria, neurologia, serviço social, enfermagem e direito contribuem com lentes distintas e complementares. Profissionais que não aplicam testes específicos podem se valer do trabalho de quem os aplica. Quem domina avaliação cognitiva contribui com métricas que escapam ao olho clínico.

Quem acompanha a família traz o pano de fundo que documentos não mostram. A coordenação desse mosaico é o que transforma percepções em prova técnica. Ao final, o relatório precisa refletir esse esforço coletivo, com separação clara entre o que foi observado diretamente, o que foi informado por terceiros e o que foi inferido a partir do conjunto.


O Que Fazer Diante De Versões Opostas

Processos trazem histórias conflitantes. A do investigado, a da vítima, a das testemunhas, a dos documentos. O trabalho pericial não é escolher a mais simpática, e sim medir consistência interna e externa. Uma versão pequena, porém sólida, tende a sobreviver ao confronto.

Uma versão grandiosa, mas cheia de remendos, costuma ruir quando testada. Em simulações, a narrativa brilha no centro e empalidece nas bordas. Em dissimulações, o brilho some mesmo quando se insistiria nele. O método é o mesmo: mapear onde a história se sustenta sem esforço e onde desaba quando pressionada.


O Custo Humano Do Erro
E A Responsabilidade Ética

Rotular injustamente alguém de simulador é ferida que não fecha. Ignorar uma dissimulação robusta pode colocar pessoas em risco. O equilíbrio nasce de uma ética simples e exigente. Descrever mais do que adjetivar. Delimitar o que se sabe do que se supõe.

Admitir incertezas quando elas existem. Recomendar reavaliações quando necessário. Proteger dados sensíveis. Respeitar quem é avaliado, lembrando que sofrimento, culpa e medo habitam essa sala com frequência. A prudência não enfraquece a perícia; a prudência legitima a perícia.


Quando A Estratégia Revela
O Que O Sintoma Não Mostrou

Algumas táticas de entrevista funcionam como luz lateral. Pedir relatos em ordem inversa reduz o amparo do automatismo. Convidar a pessoa a descrever cenários periféricos revela familiaridade ou desconforto com a cena. Interromper um tema e retomá-lo depois, com detalhes novos, testa a solidez da memória ou da invenção.

Solicitar exemplos concretos, nomes de ruas, horários, objetos presentes, cheiros, sons, dá ao relato uma topografia difícil de replicar de improviso. Em simulações, esses pedidos produzem pausas prolongadas, frases vazias ou contradições discretas. Em dissimulações, produzem impaciência, irritação e respostas genéricas que tentam encerrar a linha de investigação.


Flutuação De Sintomas
E Coerência Ao Longo Do Tempo

Quadros reais oscilam, mas obedecem a alguma ordem. O humor varia, porém dentro de faixas. O desempenho cognitivo cai, mas não se torna incoerente com a biografia. A alucinação pode diminuir sob medicação e intensificar-se sob estresse, sem desaparecer seletivamente apenas na presença de familiares e reaparecer de modo teatral diante do perito.

Quando manifestações surgem em um palco e somem em outro, quando o sofrimento promete devastação e convive com rotina sem sobressaltos, quando a amnésia impede responder perguntas simples, mas não atrapalha organizar a vida, o olhar técnico precisa perguntar o que, de fato, está acontecendo.


Escrever Para Quem Vai Julgar

O produto final de toda essa observação é um texto que será lido por juízes, promotores, defensores e partes. Ele deve ser claro, cronológico, transparente quanto a métodos e honesto quanto a limites. Deve explicitar o que o avaliado disse, como disse e em que circunstâncias. Deve relatar o que o corpo mostrou nos momentos decisivos.

Deve integrar resultados de instrumentos com o que a conversa revelou. Deve, sobretudo, responder à pergunta jurídica com base na pergunta clínica: qual o impacto funcional do quadro sobre a capacidade de entender e se autodeterminar no momento do fato. Simulação e dissimulação, quando presentes, precisam ser apresentadas como aquilo que são: estratégias que tentam distorcer a leitura, mas que podem ser identificadas quando se combina método, conhecimento e ética.


Para A Prática Diária

A experiência ensina que o caminho mais seguro é sempre o mesmo. Preparar a entrevista. Explicar o percurso. Construir linha de base. Observar mudanças. Formular perguntas que solicitam detalhe. Verificar a plausibilidade do conjunto. Integrar observação com instrumento e documento. Procurar desconfirmar a hipótese preferida. Registrar tudo com precisão temporal. Escrever com sobriedade. Recomendar o que, clinicamente, fizer sentido, inclusive a necessidade de seguimento, quando apropriado. Essa rotina não elimina incertezas, mas as coloca em seu tamanho real e oferece ao sistema de justiça uma base estável para decidir.

Simulação e dissimulação não são exceções no universo forense. São possibilidades permanentes. O que separa uma perícia frágil de uma perícia robusta não é a capacidade de adivinhar intenções, mas a disciplina de observar, comparar e registrar. Quando a conversa é conduzida com calma, as emoções são lidas no compasso certo, os testes são usados como ferramentas e a história de vida entra para dar contexto, a chance de interpretar corretamente aumenta.

O objetivo não é desqualificar pessoas, e sim qualificar decisões. Em última análise, a pergunta mais importante não é “o que alguém disse que tem”, e sim “como isso interfere no que ela compreende e faz”. É nesse cruzamento que a técnica se encontra com a justiça e que a perícia cumpre seu papel social.


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