12 – Traição: Por que as pessoas traem seus parceiros?
A traição provoca sofrimentos emocionais, podendo levar a vítima a depressão

A traição amorosa é um dos temas mais discutidos e ao mesmo tempo mais controversos nas relações humanas. Atravessa culturas, idades e contextos sociais, provocando sofrimento, rupturas e questionamentos profundos. Por que, afinal, as pessoas traem seus parceiros? Esta é uma pergunta cuja resposta demanda uma abordagem multidisciplinar, unindo conhecimentos da neurociência, da psicanálise, da psicologia e da psiquiatria.
Traição na Neurociência: os caminhos do desejo e da recompensa
Do ponto de vista neurobiológico, o comportamento humano é profundamente influenciado pelos sistemas de recompensa do cérebro. A dopamina, neurotransmissor central na sensação de prazer, é ativada em situações de novidade, desafio e excitação. A traição pode ser entendida, nesse contexto, como um comportamento de busca de estímulo, alimentado pela liberação de dopamina diante de uma experiência nova e potencialmente recompensadora.
A neurociência também sugere que o cérebro humano é moldado para buscar diversidade genética. De forma evolutiva, a infidelidade pode ter servido para ampliar as chances de reprodução e sobrevivência da espécie. Embora isso não justifique moralmente a traição, traz à luz fatores biológicos que influenciam as escolhas humanas.
Ademais, a regulação emocional e os circuitos de autocontrole têm papel fundamental. Indivíduos com menor ativação do córtex pré-frontal, região envolvida no julgamento e inibição de impulsos, estão mais propensos a agir impulsivamente, inclusive em contextos relacionais.
LEIA TAMBÉM:
Pornografia Infantil: A indústria sombria
Crianças Negligenciadas
Consequências da violência doméstica para as crianças
A Verdade Oculta de Alfred Kinsey
O Problema da Sexualização Infantil
O som da Liberdade
O perfil de um abusador de crianças clássico
Psicanálise explica a traição: desejos inconscientes e conflitos internos
Na visão psicanalítica, a traição é um sintoma que revela conflitos profundos entre o desejo inconsciente e as exigências da realidade externa. Freud propôs que os seres humanos são movidos por pulsões, e que a repressão desses impulsos pode gerar sintomas que buscam expressar o recalcado de forma disfarçada.
A infidelidade pode ser compreendida como uma forma de expressar desejos não reconhecidos ou não aceitos. Em muitos casos, o desejo por outro é menos sobre o outro e mais sobre o que esse “outro” representa: liberdade, juventude, erotismo, escape. Também pode ser uma tentativa inconsciente de sabotar o vínculo, de repetir padrões vividos na infância, ou de reencenar traumas não elaborados.
Ademais, a traição pode surgir como uma forma de lidar com a angústia da própria sexualidade, da identidade ou do medo do abandono. A relação com o objeto amoroso primário (geralmente a mãe ou figura materna) influencia profundamente a forma como o indivíduo se vincula no futuro, e muitas traições podem ser vistas como tentativas de resolver, ou repetir, essas dinâmicas iniciais.
A traição Psicologia: necessidades emocionais não atendidas e dinâmicas relacionais
Na psicologia, a traição costuma ser analisada como um fenômeno relacional e individual. Um dos modelos mais conhecidos é o da Teoria das Necessidades Emocionais, que propõe que as pessoas buscam no relacionamento amoroso a satisfação de necessidades como validação, intimidade, segurança, paixão e pertencimento.
Quando essas necessidades não são atendidas dentro da relação, surge uma vulnerabilidade para a infidelidade. O traidor pode não estar necessariamente buscando um novo amor, mas sim uma resposta à carência emocional, ao vazio, à falta de reconhecimento ou ao desejo de se sentir vivo novamente.
Além disso, traços de personalidade como narcisismo, imaturidade emocional, baixa empatia e dificuldade de comunicação são fatores psicologicamente associados à traição. Padrões de apego também influenciam: pessoas com apego evitativo ou ambivalente têm maior propensão a buscar conexões paralelas como forma de lidar com a ansiedade ou o desconforto do vínculo.
Ver essa foto no Instagram
Psiquiatria: transtornos e compulsões
A psiquiatria traz uma lente clínica para o comportamento de traição, especialmente quando ele é repetitivo, destrutivo ou compulsivo. Embora a infidelidade não seja, por si só, um transtorno mental, pode ser sintoma de condições psiquiátricas subjacentes.
Transtornos de personalidade, como o transtorno borderline e o transtorno narcisista, podem estar associados a comportamentos impulsivos e relacionamentos instáveis, onde a traição aparece como um modo de lidar com o medo do abandono ou de afirmar controle.
Transtornos do humor, como o transtorno bipolar, especialmente em fases de mania ou hipomania, também podem levar a comportamentos de risco, inclusive sexuais, como a traição. Além disso, a hipersexualidade e o transtorno do controle de impulsos são condições que podem envolver múltiplas traições, muitas vezes acompanhadas de culpa e arrependimento.
Também é importante considerar o uso de substâncias psicoativas, como álcool e drogas, que afetam o julgamento e facilitam comportamentos impulsivos. Em muitos casos, a traição não é premeditada, mas fruto de um estado mental alterado.
LEIA TAMBÉM:
Pornografia Infantil: A indústria sombria
Crianças Negligenciadas
Consequências da violência doméstica para as crianças
A Verdade Oculta de Alfred Kinsey
O Problema da Sexualização Infantil
O som da Liberdade
O perfil de um abusador de crianças clássico
A traição como sintoma e como sinal
Não há uma resposta simples ou universal para a pergunta “por que as pessoas traem?”. A traição é multifacetada, influenciada por aspectos biológicos, inconscientes, emocionais e clínicos. Pode ser um sintoma de um relacionamento em crise, uma expressão de conflitos internos, uma fuga do sofrimento psíquico ou um pedido inconsciente de mudança.
Compreender as razões por trás da infidelidade não é o mesmo que justificá-la. No entanto, essa compreensão pode abrir caminhos para o diálogo, o autoconhecimento e, em muitos casos, a reconstrução do vínculo. A traição, em sua dor, pode também ser um convite à reflexão sobre os limites, os desejos e as feridas que todos carregamos.
Nessa jornada de entendimento, a intersecção entre neurociência, psicanálise, psicologia e psiquiatria oferece um mapa complexo, mas também profundamente humano, para que possamos olhar para a infidelidade não apenas como um erro, mas como um fenômeno que fala, em voz alta, sobre quem somos e o que buscamos.
CLIQUE NA IMAGEM E CONHEÇA NOSSAS REDES:


